Aspectos clínicos e epidemiológicos de acidentes ofídicos na região do Alto Juruá, oeste da Amazônia brasileira
AUTOR(ES)
SILVA, Ageane Mota da; COLOMBINI, Mônica; MOURA-DA-SILVA, Ana Maria; SOUZA, Rodrigo Medeiros de; MONTEIRO, Wuelton Marcelo; BERNARDE, Paulo Sérgio
FONTE
Acta Amaz.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2020-03
RESUMO
RESUMO Este estudo aborda os aspectos clínicos e epidemiológicos dos envenenamentos ofídicos tratados em um hospital em Cruzeiro do Sul, Acre, resultantes de acidentes que ocorreram na região do Alto Juruá, no oeste da Amazônia brasileira. A identidade específica das serpentes que causaram os envenenamentos foi inferida (a) pelos sinais e sintomas apresentados pelo paciente na admissão hospitalar, (b) por imunoensaio enzimático para detecção de veneno de Bothrops atrox e Lachesis muta em amostras de soro retiradas de pacientes antes da soroterapia, e (c) pela identificação direta da serpente, quando esta foi levada para o hospital ou fotografada. Houve 133 casos (76,2 casos por 100.000 habitantes) de acidentes ofídicos registrados durante um ano (julho 2017 a junho 2018). A maioria das picadas de serpentes (88,7%) foi causada por Bothrops spp., e o restante por espécies não peçonhentas ou “picadas secas”. Os acidentes ofídicos tenderam a ocorrer com maior frequência durante a estação chuvosa, coincidindo com o período de maior atividade reprodutiva das serpentes e maior disponibilidade de suas presas. Além disso, o aumento dos níveis de rios e lagos pode fazer com que esses animais procurem locais mais secos, aumentando a frequência de encontro com seres humanos. Campanhas educativas sobre prevenção e primeiros socorros, principalmente entre os grupos mais vulneráveis (indígenas, agricultores, crianças e adolescentes em áreas rurais), e sobre a importância da utilização de equipamentos de proteção (botas, perneiras, luvas de couro) em determinadas atividades de maior risco (e.g., agricultura e extrativismo em florestas), são fundamentais para reduzir a morbidade de picadas de serpentes.
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