Aspectos afetivos e cognitivos da homofobia no contexto brasileiro Um estudo psicofisiológico

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/05/2009

RESUMO

Este trabalho foi realizado em duas etapas. No Estudo I, foram obtidas normas brasileiras para 240 estímulos do International Affective Picture System (IAPS) e padronizadas 24 fotografias de casais homossexuais obtidas de outras fontes. Os sujeitos foram 448 universitários (179 homens), que avaliaram as 264 fotografias nas dimensões prazer, alerta e dominância utilizando o mesmo procedimento dos estudos de Lang et al. (2005) e Ribeiro et al. (2004 e 2005). O foco do estudo foram as diferenças de resposta para os estímulos de casais homossexuais (HM) e os de heterossexuais (HT) presentes no IAPS. Estímulos HM foram avaliados pela totalidade dos sujeitos como menos prazerosos, mais alertantes, e associados a menores níveis de dominância do que estímulos HT. Os homens avaliaram negativamente estímulos apresentando casais gays e positivamente estímulos apresentando casais de lésbicas, corroborando para a especificidade sexual da homofobia masculina. O Estudo II incluiu a medida de reações fisiológicas para confirmar os achados do Estudo I e a análise comparativa entre grupos por sexo, orientação sexual e distância social declarada a gays e lésbicas. Participaram 39 sujeitos (18 homens, 19 heterossexuais), expostos a 40 estímulos (16 afetivo-sexuais) enquanto eletromiogramas faciais (atividades dos músculos frontal e zigomático), condutância da pele e temperatura eram medidos. Os resultados confirmaram as observações obtidas no estudo I e demonstraram que a) a avaliação negativa de estímulos afetivo-sexuais ocorreram exclusivamente na amostra heterossexual; b) estímulos afetivosexuais foram classificados como de alto alerta, e estímulos apresentando lésbicas considerados mais alertantes e associados a maiores respostas eletrodérmicas para a amostra heterossexual; c) heterossexuais que declaram distância social a gays e lésbicas demonstram reações subjetivas e fisiológicas mais negativas também a estímulos HT, sugerindo que eles são menos receptivos a material visual erótico em geral; e d) a dimensão dominância apresentou-se específica para a orientação sexual, recebendo maiores valores para os intragrupos e menores para os exogrupos, sugerindo que o preconceito pode estar associado a sentimentos de baixa dominância (p ex., medo) e, portanto, ter um caráter defensivo.

ASSUNTO(S)

afeto preconceito sexual psicofisiologia nível de alerta/fisiologia sexualidade/psicologia psicobiologia

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