As trajetórias e a organização do trabalho cooperado e autogestor

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Na presente tese, buscou-se desvelar as mediações das trajetórias ocupacionais na constituição e organização do trabalho a partir de três experiências de cooperativas de produção localizadas em cidades industrializadas do Estado de Santa Catarina. Comparou-se o processo de constituição e os procedimentos na organização, desenvolvimento e gestão do processo de trabalho, bem como a presença da participação autogestora. Deste modo, o objeto de nossa tese é a relação entre a trajetória ocupacional e o modo de organizar e gerir o trabalho coletivo, sem a presença de um patrão e de uma rígida divisão hierárquica do trabalho, com a construção da autonomia coletiva. O estudo de caso comparativo, de caráter qualitativo longitudinal, fundamentou-se em material coletado pelos instrumentos de entrevista, questionário longitudinal, bibliográfico e documental. Os sujeitos do estudo foram os/as cooperados/as de cooperativas de produção. Como referência teórica, nos utilizamos da leitura marxiana acerca da organização e divisão do trabalho, próprio do trabalhador coletivo, e de suas considerações sobre a divisão eqüitativa da produção livre da rigidez hierárquica do trabalho. O estudo nos mostrou que os trabalhadores que constituíram as cooperativas de produção fizeram parte da superpopulação relativa. Visto que, nas trajetórias ocupacionais foi presente o evento de desemprego, de parcialmente empregado e de não inserção no mercado de trabalho. E nenhuma das trajetórias ocupacionais, dos trabalhadores que constituíram uma das cooperativas, foi promissora no sentido de lhes possibilitar uma poupança. Assim, foi comum, entre as cooperativas em estudo, a aquisição dos meios de produção sem uso da poupança adquirida no percurso da vida de trabalhadores. Estes trabalhadores mudam da condição de integrantes da superpopulação relativa para associados de cooperativas de produção por decisão do coletivo, mas, motivados por eventos externos. Estas cooperativas, através dos meios de produção de propriedade coletiva, passam a produzir, sem a presença do patrão e, assim, se transpõem para a condição de produtores associados e autônomos. Na organização do trabalho, os trabalhadores com uma trajetória de inserção na composição do trabalhador coletivo revelaram maior capacidade organizativa. Entrementes, identificamos certa tendência para a reprodução da organização do trabalho, já vivida na empresa empregadora. Embora se faça presente à cooperação voluntária, superação da hierarquia não é realidade nas três cooperativas em estudo.

ASSUNTO(S)

unidades de capital participação unidades coletivas collective units cooperation autogestão occupational paths ciencias humanas self management capital units trajetórias ocupacionais cooperação exceeding excedente participation

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