As relações entre as transformações econômicas e o ritmo da produção do espaço urbano. Estudo de caso : Aracaju

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Esta tese investiga as correlações existentes entre os ciclos econômicos (enfatizando a localização das atividades econômicas motrizes) e os ciclos espaciais urbanos (entendidos como as ¿ondas¿ de construção da cidade). Aracaju, capital do estado de Sergipe, Brasil, foi escolhida como estudo de caso por apresentar especificidades em sua trajetória urbana e econômica. Em síntese, a cidade foi implantada em 1855, sob um planejamento inicial que se restringia a definição do traçado das ruas e ao código de posturas. As grandes áreas de mangue e regiões alagadiças não permitiram a expansão urbana com a tecnologia da época e com as condições financeiras do estado, o resultado foi uma cidade compacta. Com a descoberta do petróleo em Sergipe, na década de 1960, ocorreu o deslocamento dos escritórios da Região Nordeste de Petróleo de Maceió para Aracaju, decisão que trouxe novos funcionários a cidade, com remuneração maior que a média dos moradores até então e representando quase 10% da população da capital. Com a justificativa de fornecer infraestrutura física, diversas mudanças ocorreram. O resultado observa-se na expansão e fragmentação urbana. As áreas de concentração de atividade econômica motriz mudaram a paisagem. A área da antiga atividade motriz industrial, degradou-se e atualmente está em lento processo de requalificação urbana e ¿re¿dinamização econômica. Nas áreas próximas à concentração de atividades de comércio e serviços surgem diversas ¿ilhas de crescimento¿. Em áreas onde esta concentração de atividades de comércio e serviços gera externalidades negativas, ocorre o esvaziamento residencial. O processo verificado é apresentado como compatível com duas dinâmicas: a do ambiente construído como palco para a urbanização do capital e, a de atração-repulsão que pode existir na relação entre atividades diferentes. Para abordar o tema proposto, optou-se por uma análise baseada em partes de quatro teorias (HARVEY, 1985; WHEATON, 1987; ABRAMO, 2001 a, b; KRAFTA, 1992), que tratam o ambiente construído como elemento central da dinâmica do capitalismo associado: à constante criação de novas localizações como elemento de inovação, à reconstrução da parte interna das cidades através da substituição, visando maior lucratividade (WHEATON, 1982), à estratégia que a construção civil utiliza para convencer as famílias a mudarem para determinados locais ¿ convenção urbana (ABRAMO, 2001a) e, às diferenciações locacionais que emanam da configuração urbana (KRAFTA, 1994 a, b). A partir deste arcabouço teórico foi proposta uma metodologia em que se buscou identificar e analisar: (i) cada ciclo econômico dentro do período de 1940 a 2008, e; (ii) os ciclos espaciais urbanos, nas áreas onde ocorreu a localização das atividades econômicas motrizes. A proposta de identificação e análise dos ciclos econômicos englobou os dados de cada atividade econômica (o número de pessoas ocupadas por atividade e a contribuição de cada atividade na composição do PIB municipal). A proposta de identificação e análise dos ciclos espaciais urbanos englobou características: (i) das mudanças no uso do solo e no perfil de renda do morador, (ii) da análise configuracional, e; (iii) das inovações construtivas (verticalidade-densidade e padrão-tipologia). O resultado do trabalho empírico evidenciou a diminuição do gap entre os ciclos econômicos de comércio e serviços e os ciclos espaciais urbanos. O conjunto das análises dos dois ciclos e suas correlações forneceu dados para uma leitura do trabalho empírico em convergência com o arcabouço teórico proposto. Conclui-se que na parte teórica do estudo, houve eficácia das teorias para a análise proposta ao processo urbano. A parte metodológica mostrou-se eficaz na identificação e análise das correlações, embora não se tenha obtido alguns dados para elaboração de determinadas correlações que possibilitariam maior número de dados para a medição do gap. Ressalta-se, porém, que a metodologia evidenciou a tendência de diminuição do gap entre os ciclos, confirmando a hipótese levantada pela tese, e; identificou as correlações entre os ciclos econômicos e espaciais urbanos, ou seja, apresentou as correlações entre o local de concentração das atividades econômicas motrizes industriais e de comércio e serviços e, as mudanças urbanas (nas tipologias construídas, nas densidades construtivas e populacionais e, nos perfis de renda do morador), alcançando-se assim o objetivo proposto.

ASSUNTO(S)

configuração urbana economic cycles urban space cycles configuração espacial desenvolvimento econômico urban space configuration urbanization of capital urbanização cidades : aracaju (se)

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