As relações de gênero na produção capitalista do espaço de trabalho

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Pagu

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2019

RESUMO

Resumo Este artigo discute o contexto social que originou o espaço de trabalho, ou o espaço exclusivo para o desempenho de atividades produtivistas. O objetivo é demonstrar a dependência que a esfera da produção tem do universo da reprodução e, notadamente, como essa dependência é obliterada e reforçada pelas relações patriarcais. Investigo como o processo de trabalho e a sociedade são organizados segundo as teorias de organização racional do trabalho, e quais os efeitos sobre a produção do espaço. A discussão sobre as origens dos espaços de trabalho demonstrou que elas estão vinculadas à divisão do trabalho em gênero, durante o desenvolvimento do capitalismo comercial, no período entre os séculos XII e XVIII, quando as antigas unidades domésticas – indústrias domésticas rurais – e as oficinas dos artesãos urbanos foram transformadas em empresas familiares pelo modo de produção putting-out system. Com o advento desse sistema, a divisão do trabalho em gênero permitiu liberar os indivíduos do sexo masculino para o desempenho de atividades produtivas, enquanto as tarefas domésticas ou mal pagas eram destinadas às mulheres. Essa foi a primeira condição social para posteriormente, na manufatura, possibilitar-se a existência de espaços exclusivos de produção.Abstract This article discusses the social context that gave origin to the workplace, or the exclusive space for the performance of productive activities. The objective is to demonstrate the dependence that the production sphere has on the universe of reproduction and especially how this dependence is obliterated and reinforced by patriarchal relations. I investigate how the labor process and society are organized according to theories of rational organization of labor, and the effects of this on the production of space. The discussion about the origins of workplaces demonstrated that they are linked to the gender division of labor, during the development of commercial capitalism between the twelfth and eighteenth centuries, when old household units – rural household industries – and urban craft workshops were transformed into family businesses by the putting-out system. With the advent of this system, the gender division of labor freed up males for productive activities, while domestic or underpaid tasks were left to women. This was the first social condition that later, in manufacturing, allowed the existence of exclusive production spaces.

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