As relações artesanais e o estímulo ao Desenvolvimento Local no Brasil, Gouveia-MG e outras diferentes escalas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A relação das atividades artesanais e o estímulo a práticas de Desenvolvimento Local no país, associadas (direta ou indiretamente) às mutações sofridas na (re)configuração dos territórios pela globalização compõem o tema foco deste trabalho. O objetivo da pesquisa é correlacionar os impasses ligados ao fazer artesanal com as possibilidades de implementação de iniciativas voltadas para o DL, em especial para a região do Alto Jequitinhonha e as comunidades Cuiabá e Espinho, pertencentes a Gouveia-MG. Para tanto, é importante contextualizar e refletir sobre como tais iniciativas têm sido colocadas em prática nos diferentes contextos e escalas brasileiras. Isso porque o tema Desenvolvimeto Local e o estímulo ao artesanato vêm ganhando notoriedade no cenário federal. E em especial durante o Governo Lula, através do incentivo e elaboração de políticas públicas para favorecer a geração de emprego e renda e a consequente inserção de áreas consideradas estagnadas economicamente no país. Pretende-se contribuir para um melhor entendimento sobre o processo de descaracterização e mercantilização do artesanato e sua relação com o processo de globalização, seus impactos e banalizações nas esferas regional e local (especialmente no plano vivido), bem como sua relação com práticas voltadas para outras formas de se pensar o futuro econômico em microescalas que sejam menos excludentes. Como procedimento metodológico optou-se pelo uso de fontes qualiquantitativas, predominando a Obervação Participante e a História Oral. Relatos de vida, análise de vida, análise de documentos oficiais, aplicação de questionários , registros fotográficos e entrevistas com atores-chave de Espinho e Cuiabá, e sedes de Gouveia e Diamantina (cidade-pólo) foram, portanto, essenciais para a pesquisa . A aplicação dos relatos orais se justifica em função da análise das condições, impasses e obstáculos inerentes à prática artesanal a partir das trajetórias de vida das artesãs-referência de Gouveia, associada a outras fontes.Em que medida o inventivo às práticas artesanais e o Desenvolvimento Local via municípios no Brasil permitem a melhoria das condições de vida das pessoas, em especial na região do Alto Jequitinhonha? Quais os alcances, inversões, contradições e fatores limitantes para a implementação de iniciativas voltadas para o Desenvolvimento Local no Brasil, em Gouveia, e em outras diferentes escalas analisadas? Estas são algumas reflexões que permeiam e norteiam esta pesquisa. A escolha por Gouveia se justifica por uma gama de fatores (favoráveis e limitantes) em relação ao Desenvolvimento Local, tais como o obscurantismo que possui em relação à Diamantina e a predominância de relações clientelistas, individualistas e de rixas partidárias que o caracterizam. Os povoados Cuiabá e Espinho foram enfocados em função da importância que as práticas artesanais possuem em seu cotidiano. Observações em campo apontam para e existência de uma hierarquização dos artesãos, que se diferenciam no acesso e na participação de grandes eventos de exposição artesanal a partir de incentivos da Prefeitura Municipal, e assim ratificam a assimetria de benefícios e privilégios ainda inerentes na relação entre sociedade civil e Estado, especialmente em microescalas.O posicionamento político, a postura crítica, os benefícios públicos concedidos e consquistados e a própria construção da autonomia conforme as características de cada comunidade e seus principais atores foram averiguados. Logo, conceitos como autonomia, identidade, comunidade, participação e cidadania se tornaram relevantes enquanto base de análise para o objeto da pesquisa. Ao final pretende-se delimitar como as ações voltadas para o Desenvolvimento Local se aproximam de um enfoque mais social ou econômico, quais permanências e obstáculos constituem tais práticas e ainda como as novas gerações e gestões conseguem (ou já conseguiram) romper com este encaminhamento. E assim refletir como estar iniciativas podem (ou não) colocar-se a serviço de uma política progressiva e emancipatória, apesar de suas limitações e críticas.

ASSUNTO(S)

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