As práticas profissionais de modificações corporais: entre a biossegurança e as técnicas de si / The practices of body modifications among: the biosecurity and the techniques of the self

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A relação do ser humano com seu corpo é atravessada por práticas de manipulação cultural e temporalmente situadas. Neste trabalho abordamos os modos como o corpo vem sendo alvo de intervenções, trazendo exemplos de culturas tradicionais, suas técnicas e funções, e apresentamos uma discussão sobre as práticas de modificação corporal na sociedade contemporânea ocidental. Partindo da reflexão foucaultiana de que há uma tecnologia política dos corpos, buscamos acompanhar as técnicas de si acionadas pelos profissionais de modificações corporais e os modos como essas práticas vão forjando suas fronteiras com outras tecnologias políticas. Para tal, realizamos entrevistas individuais com três profissionais de modificações corporais, pois acreditamos que eles ocupam um lugar estratégico no campo: estando em relação tanto com as demandas dos que solicitam o seu trabalho, quanto com agências que socialmente têm algum mandato de controle social sobre a gestão dessas práticas. O caminho encontrado foi entrar em contato com o Sindicato de Empresas de Tatuagem e Body Piecing do Estado de São Paulo (SETAP-SP). Fundado em 2005, o SETAP-SP busca regularizar a prática de tatuagem e body piercing no estado de São Paulo. A perspectiva construcionista nos ofereceu o aporte metodológico da pesquisa ao permitir uma postura não realista diante do nosso objeto, possibilitando reconhecer o discurso dos participantes como conhecimento, posto ao nível de qualquer outra produção discursiva. Propusemos então, diálogos entre o conhecimento prático dos participantes com reflexões teóricas acerca do cuidado de si, da biopolítica e biossegurança. De acordo com as análises, observamos que práticas de biossegurança, mencionadas pelos três profissionais entrevistados, sinalizam o processo de inserção dessa preocupação, nas últimas décadas, no campo das modificações corporais no Brasil. Entretanto, se as modificações corporais estão fazendo interfaces com a ótica da biossegurança, elas não deixam de fazer fronteiras ou interfaces importantes com as questões da saúde, porém, menos por uma perspectiva normatizante (no sentido da biopolítica) e mais como potência de diferir. Ou seja, menos como norma e mais como normatividade. Assim, concluímos também que as práticas profissionais de modificações corporais podem ter conotações distintas, neste caso, próximas das práticas clínicas e das técnicas de si

ASSUNTO(S)

técnicas de si marcas corporais biosseguranca body modifications psicologia social techniques of the self modificações corporais biossegurança biosecurity

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