As Medicinas Alternativas e Complementares (MAC) podem ser utilizadas de forma integrada com a medicina convencional no tratamento de câncer?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Santa Catarina
FONTE
Núcleo de Telessaúde Santa Catarina
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
As Medicinas Alternativas e Complementares (MAC) podem ser utilizadas no tratamento do câncer de forma integrada à medicina convencional – cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia molecular, visto que podem estimular a sua efetividade, assim como reduzir ou prevenir sintomas adversos do tratamento.
As MAC são classificadas em 5 grupos:
1) Práticas baseadas na biologia: fitoterapia, vitaminas, outros suplementos dietéticos;
2) Técnicas mente-corpo: yoga, meditação, visualização; artes expressivas (musicoterapia, arteterapia, dança);
3) Práticas de manipulação corporal: massagem, reflexologia, exercício;
4) Terapias energéticas: terapia do campo magnético, reiki, toque terapêutico, Qi-gong;
5) Sistemas médicos tradicionais: medicina tradicional chinesa (MTC) e medicina ayurvédica
.
A acupuntura pode aliviar os incômodos da xerostomia, da náusea tardia
(um dos piores efeitos colaterais da quimioterapia, o qual pode durar por horas ou dias e é muito mais difícil de tratar do que a náusea inicial), da dor
e da cessação do tabagismo
Dois acupontos podem ser estimulados para combater a náusea: o PC6, E36
, como mostra a figura a seguir.
As plantas medicinais podem ser indicadas em casos de constipação, diarreia, náusea, vômito e provenientes do tratamento convencional. Por exemplo:
(gengibre)
: Digestiva, antisséptico, para os incômodos da náusea e vômito
Não tomar doses diárias de extratos do pó superiores a 2g. Doses superiores a 6g diárias podem produzir úlceras ou gastrites.
: Evitar o uso em menores de 6 anos.
Evitar uso concomitante com hipoglicemiante e anticoagulante, pois pode aumentar o risco de sangramento. O uso concomitante de gengibre com guaco, agrião e hortelã potencializa o efeito expectorante.
: Evitar em quadros de obstrução das vias biliares e em pacientes com sudorese excessivas, pois pode aumentar a transpiração. Dose elevadas podem causar arritimia, cólicas intestinais, hipotensão arterial, tonturas e depressão do sistema nervoso central. Algumas pessoas podem ser mais sensíveis ao sabor picante forte, enquanto que outros podem sentir alguma azia, diarreia e desconforto no estômago geral, embora estes casos sejam muito raros. Alguns casos sugerem ainda que o consumo excessivo de gengibre na parte final do dia podem estimular os níveis de atenção do organismo, e por esse facto adormecer pode tornar-se mais difícil.
Infuso: contraindicado para pessoas com cálculos biliares, irritação gástrica e hipertensão arterial. Tintura: Não usar em gestantes, lactantes, crianças menores de dois anos, alcoolistas e diabéticos. O uso é contra-indicado para pessoas com cálculos biliares, gastrite e hipertensão arterial.
Mesmo que os profissionais não se sintam adepto a orientar e/ou prescrição de plantas medicinais (por não conhecer e/ou não acreditar) como tratamento complementar aos pacientes com câncer é muito importante que o profissional pergunte se o usuário faz uso ou tem alguma planta no seu quintal que usa como medicinal, pelo motivo que as plantas têm princípios-ativos, podem interagir, causar reações adversas, interações medicamentosas e contraindicações
. Por exemplo, há plantas medicinais que são contraindicadas aos pacientes com câncer, como
(equinácea) ou
(, podendo gerar interferências no tratamento convencional quimioterápico
.
A planta medicinal é uma ferramenta mediadora para educação popular, educação permanente na perspectiva da promoção de saúde, tratamento e prevenção de doenças. Uma simples conversa sobre o uso de plantas medicinais pode favorecer a interação com o usuário, pois a ação terapêutica já se inicia. Nas conversas com o usuário, nos grupos terapêuticos há estímulo por parte do usuário ao se expressar, tirar dúvidas, relatar sobre o uso, simultaneamente com outros recursos terapêuticos, pois, o usuário ainda tem medo de dizer para o profissional que usa planta. Este clima de valorização e diálogo sobre os recursos e práticas autônomas e populares locais sobre plantas é um fator favorável no uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos
.
A massagem para auxiliar na drenagem linfática. Os exercícios físicos praticados por 30 a 60 minutos diariamente podem ajudar a prevenir o câncer de cólon
.
O yoga para reduzir estresse, insônia e promover alongamento. A musicoterapia não têm um efeito sobre as células cancerosas, mas pode criar um estado bem-estar à vida dos pacientes oncológicos após um determinado tratamento. O toque terapêutico e o reiki também têm sido usados com bons resultados nos pacientes oncológicos
.
Para ampliar o estudo nesta temática, recomenda-se consultar fontes sobre as terapias complementares baseadas em evidências e em questões legais pertinentes a sua aplicação ilustradas no artigo de Siegel e Barros
. Outra fonte que pode ser consultada é a resenha do livo
O livro enfatiza a importância do papel das MAC no tratamento do câncer e da comunicação do paciente com a sua equipe médica, incluindo o terapeuta complementar
.
É importante a sensibilização dos profissionais da atenção primária à saúde para questionarem sobre o uso das MAC, é necessário, pois muitos pacientes oncológicos usam várias práticas e produtos alternativos, sem o conhecimento de seus médicos e equipe de saúde. Desta forma, um diálogo horizontal entre profissional e o paciente oncológico pode evitar automedicação imprudente e disponibilizar informações importantes sobre os prós e contras entre associações entre MAC e tratamento convencional
.
A acupuntura é recomendada, também, como terapia complementar quando a dor é pouco controlada
Ou, quando os pacientes de câncer não param de fumar, apesar do uso de outras opções, aplicações de acupuntura são recomendadas para assistir na cessação do tabagismo
ASSUNTO(S)
apoio ao tratamento enfermeiro a45 educação em saúde/aconselhamento/dieta a50 medicação / prescrição / pedido / renovação / injeção neoplasias terapias complementares 1a – estudos de revisão sistemática / ou estudos ensaios clínicos randomizados (ecr)
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