As hipóteses de Aryon Rodrigues: validade, valor e papel no cenário dos estudos de línguas indígenas e de linguística histórica

AUTOR(ES)
FONTE

DELTA

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014

RESUMO

Tendo como seu ponto de partida o estado da arte dos estudos de línguas indígenas e de linguística histórica na atualidade e ultrapassando, portanto, as fronteiras de estados nacionais, o presente artigo revisita hipóteses importantes de Aryon Rodrigues, cuja obra é uma das mais constantes – senão uma das maiores - referências nos estudos de linguística e línguas indígenas, deste lado e do outro lado do Atlântico e no contexto deste século e da segunda metade do século precedente. O artigo revisita, entre outras, hipóteses como: a das relações pré-históricas e históricas entre as línguas do tronco Tupi e aquelas da família Karib (hipótese Tupi-Karib; Rodrigues 1985a, 2003b, 2007a); e a do relacionamento genético mais distante envolvendo Tupi, Karib e Macro-Jê (Rodrigues 1990, 2000a e 2007). Ao fazê-lo, busca mostrar caminhos que permitam testar a validade destas e de outras hipóteses, colocando em cena, consequentemente, a questão de seu valor científico e a verificação de seu papel no cenário dos estudos de línguas indígenas e de linguística histórica, sobretudo. Ao mesmo tempo, o artigo lança um olhar sobre os detalhes da argumentação de Rodrigues, da utilização consistente do método que sustenta diferentes trabalhos seus e que lhe permitiu levantar determinadas hipóteses e aperfeiçoá-las, quer com relação à classificação de determinadas línguas, quer com relação a estabelecimento de determinados agrupamentos genéticos e a reconstruções linguísticas, quer ainda com respeito ao fundamento fonético e fonológico de determinadas ideias avançadas – ideias essas que, possuindo consequências para o estudo da mudança linguística, repercutem sobre a própria teoria fonológica, por se caracterizarem por um olhar mais aberto para relações menos familiares (Rodrigues, 1981, 1986a e 2003c). De especial importância para a avaliação detalhada das contribuições de Rodrigues - em suas consequências para a fonologia histórica, por exemplo, e como aplicações paradigmáticas do método histórico comparativo - dá-se atenção ainda ao seu trabalho de classificação interna da família Tupi- Guarani (Rodrigues 1945, 1958, 1978, 1985b) e do estabelecimento de relações e de reconstrução dentro do tronco Tupi (Rodrigues 1966, 1980, 2005, 2007b; Rodrigues, Cabral & Silva 2006; Rodrigues & Dietrich 1997; Hanke, Swadesh & Rodrigues 1958) além das suas contribuições para o estabelecimento de um grupo Macro-Jê (Rodrigues 1986b, 1992, 1999, 2000b). Deste modo, ao tratar das hipóteses de Rodrigues, sua validade, valor e papel no cenário dos estudos de línguas indígenas e de linguística histórica, o artigo busca igualmente contribuir com uma visão em detalhe dos caminhos científicos que Rodrigues percorreu, em sua prática de análise, enquanto cientista da linguagem.

ASSUNTO(S)

linguística histórica línguas indígenas método comparativo teoria linguística

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