As estratégias para permanecer na terra: os assentados do projeto Estrela da Ilha em Ilha Solteira/SP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/03/2012

RESUMO

A pesquisa inicia-se pela análise da história agrária brasileira que resultou na atual estrutura fundiária que concentrou, e ainda concentra, a terra nas mãos de poucos. Aliado a este processo de má divisão das terras brasileiras buscou-se entender como se deu a formação dos movimentos sociais de luta pela terra e os caminhos e descaminhos até a conquista da Lei da Reforma Agrária no Brasil. Destaque também foi dado a espacialização e territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST, relembrando algumas disputas emblemáticas organizadas pelo MST no Estado de São Paulo. Definimos como objetivo principal deste trabalho a análise da formação do Assentamento Estrela da Ilha, no município de Ilha Solteira/SP, com o intuito de refletir como se deu este processo de reforma agrária, onde, através de relatos, buscamos entender as fases que vão da organização do acampamento até a conquista do assentamento pelas famílias. Para a pesquisa entrevistamos 52 famílias por meio do uso de dois questionários, um estruturado e outro semiestruturado, somando um total de 25 perguntas. Procuramos dar prioridade aos que estão no assentamento desde a fase de acampamento, tendo em vista a necessidade de compreendermos as etapas que foram vivenciadas e, consequentemente, buscarmos informações sobre os perfis das famílias assentadas, o modo de vida e como estão resistindo na terra conquistada. Os estudos a respeito da luta para a conquista do assentamento implicou necessariamente considerar não só as ações resultantes desse processo, mas o significado da luta para seus agentes. Logo, lutar pela terra não significa só a conquista de um pedaço de chão, mas sim, resgatar o modo de vida simples que a vida no campo pode proporcionar àqueles que um dia se viram obrigados a optar por uma vida de luta. As várias situações vivenciadas pelas famílias no assentamento, bem como as estratégias para permanecerem na terra, o trabalho familiar, os produtos produzidos nos lotes, a participação nos projetos como associações, cooperativas, assim como aqueles que optam por outras formas de sobrevivência, nos levará a refletir e compreender os caminhos dos projetos de reforma agrária no Brasil, em particular no que se refere ao modo como é operado e como funciona a assistência pública às famílias após a conquista da terra. A pesquisa aponta para a compreensão de que não há uma fórmula única para a sobrevivência nos lotes. Os estudos no assentamento levaram-nos ao entendimento do que já alertava Shanin (2008, p.28): que os camponeses são flexíveis, logo encontram soluções para as crises podendo ensinar até mesmo àquele que não é camponês.

ASSUNTO(S)

assentamento rural estratificação social rural sociologia rural geografia agrária geografia

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