As adolescentes negras no discurso da Revista Atrevida

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Analisar o discurso sobre a adolescente negra veiculado nas páginas da revista Atrevida é o objetivo desta pesquisa. Essa publicação, considerada como um segmento do mercado editorial de revistas femininas, volta-se especificamente para o público adolescente. Para responder às questões colocadas pela investigação, recorreu-se à Análise Crítica do Discurso (ACD), na perspectiva de Fairclough (2001), analisando os discursos produzidos como prática social, discursiva e textual. O recorte temporal adotado para a seleção do corpus de análise é compreendido entre os anos de 2001 e 2005, período no qual aconteceram mudanças de caráter nacional e internacional no contexto das relações raciais. Dentro desse recorte, optou-se pela análise das duas edições que explicitamente apresentavam imagens de adolescentes negras ou que tinham a temática racial em destaque, configurando-se uma amostra intencional. Os discursos da revista revelam que tratar da estética negra ainda é um desfio para as publicações femininas. As adolescentes negras são apresentadas e representadas por meio de aparições pontuais e deslocadas do restante dessa mídia impressa, revelando um desconforto dos editores e dos jornalistas para tratar do assunto. Observa-se que o pertencimento étnico-racial da adolescente só se torna evidente e é tematizado quando se trata da adolescente negra. No geral, a interlocutora e público-alvo privilegiada pela Atrevida é a adolescente branca, retratando a presença da branquitude normativa. A revista produz um discurso que carrega todas as ambiguidades do racismo brasileiro (afirmação por meio da própria negação) e do mito da democracia racial. Isso se dá de forma complexa e entremeada entre o mundo da mídia, os discursos sobre gênero, raça, juventude, mercado, estética e beleza. A pesquisa conclui que o discurso da adolescente negra na revista Atrevida é complexo e insidioso, assim como o são as relações raciais em nossa sociedade. Não se pode desprezar que a existência desse discurso aponta algum tipo de mudança social, mas, ao mesmo tempo, não se pode deixar ser seduzido por ele.

ASSUNTO(S)

educação teses. adolescência. relações étnicas.

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