Arritmia esforço-induzida em pacientes chagásicos sem cardiopatia aparente e fatores associados à sua ocorrência

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/06/2011

RESUMO

A doença de Chagas constitui importante causa de cardiopatia no Brasil, com forte impacto social e econômico. Apesar do atual controle de sua transmissão por vias vetorial e transfusional, ela ainda representa grave problema de saúde pública, devido ao significativo contingente de indivíduos infectados com potencial para desenvolvimento de formas graves. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e fatores associados à ocorrência de extrassistolia ventricular induzida pelo esforço em pacientes chagásicos sem cardiopatia aparente, comparativamente a indivíduos controles, não chagásicos. Trata-se de estudo observacional, transversal, realizado entre agosto de 2009 e dezembro de 2010, sendo selecionados 75 indivíduos com sorologia positiva para T. cruzi, assintomáticos e sem cardiopatia aparente e 38 indivíduos saudáveis, com idade e sexo semelhante aos casos. Todos se submeteram ao eletrocardiograma de 12 derivações, analisado conforme critérios padronizados para a doença de Chagas. Realizou-se ecocardiograma convencional com medidas e avaliação da função ventricular, conforme critérios estabelecidos. Todos os participantes do estudo foram também submetidos ao teste ergométrico, seguindo-se o protocolo de Bruce, para avaliação de arritmia esforço-induzida e de outras variáveis como duplo-produto, capacidade funcional por meio do consumo de oxigênio (VO2), resposta pressórica e resposta cronotrópica. Realizaram-se, ainda, testes de avaliação da função autonômica, como a manobra de Valsalva e o teste da arritmia sinusal respiratória. Além disso, os pacientes com sorologia positiva para T. cruzi foram submetidos à eletrocardiografia dinâmica (Holter) 24 horas. Os pacientes apresentavam idade de 44,7 ± 8,5 anos, sendo 36 homens (48%); e os indivíduos controles tinham idade de 44 ± 9,2 anos, sendo 22 homens (58%). O número total de extrassístoles ventriculares e supraventriculares isoladas durante o esforço e na fase de recuperação, ao teste ergométrico, foi mais alto nos casos em relação aos controles. Nos pacientes chagásicos, houve correlação entre o número total de extrassístoles ventriculares isoladas, ao esforço, com o número total de extrassístoles ventriculares isoladas à eletrocardiografia dinâmica (r=0,47; p<0,001). Todos os parâmetros ecocardiográficos convencionais que avaliam os diâmetros, a função sistólica e a função diastólica do ventrículo esquerdo foram semelhantes entre os casos e controles. Cinco indivíduos chagásicos (7%) apresentaram déficit de contratilidade ao ecocardiograma bidimensional. Não houve associação entre o número de extrassístoles ventriculares isoladas, no esforço ao teste ergométrico e ao Holter, entre os pacientes chagásicos com alteração segmentar à ecocardiografia. No teste da arritmia sinusal respiratória, um índice de atividade vagal, a razão entre o maior intervalo cardíaco expiratório e o menor inspiratório foi menor nos pacientes chagásicos em relação aos controles não chagásicos e correlacionou-se com a frequência cardíaca máxima atingida no teste ergométrico (r=0,36; p<0,001). Observou-se que pacientes chagásicos sem cardiopatia aparente apresentam elevada frequência de arritmias esforço-induzidas, associando-se à presença de arritmias ao Holter e reduzidos valores de índices vagais ao teste de arritmia sinusal respiratória

ASSUNTO(S)

medicina tropical teses. doença de chagas/complicações decs arritmias cardíacas decs cardiomiopatia chagásica decs complexos ventriculares prematuros decs teste de esforço decs eletrocardiografia decs ecocardiografia decs estudos transversais decs estudos observacionais decs dissertações acadêmicas decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg.

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