Arqueologia das práticas discursivas sobre o fracasso escolar no ensino fundamental do estado de Mato Grosso do Sul

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2011

RESUMO

Esta tese tem como objeto de estudo o fracasso escolar que se constitui, produz e sustenta os discursos como acontecimento e enunciados nas práticas pedagógicas e sociais manifestas no Ensino Fundamental no Brasil e no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 1997 a 2007. São problematizadas descrições de enunciados e mostram seus resultados nos processos de escolarização, evidenciando como se dá o domínio da relação saber/poder por meio da verdade, do interdito, do disciplinamento, do mérito premiado e do assujeitamento a partir de uma ideia do sucesso escolar. Partiu-se de uma interrogação sobre a persistência desse fenômeno como problema no campo educacional e suas manifestações como materialidade histórica nos processos de escolarização. Adotou-se arqueologia foucaultiana, como referencial teórico-metodológico. Para tanto, descrevem-se enunciados de fontes documentais e de obras selecionadas, incluindo subsídios dos discursos de entidade representativa do movimento dos trabalhadores em educação. Na descrição arqueológica sobre o fracasso escolar são registradas as singularidades e regularidades das verdades ditas e não ditas, as relações de disciplinamento e modos de situar o sujeito que tenta se escolarizar no ideal pedagógico, apoiados nas práticas discursivas que tentam dar conta de um conjunto de subsídios marcados por verdades absolutas. Os recortes empíricos e/ou teóricos demarcam leituras parciais do objeto, constituindo singularidades. Enquanto fenômeno permite entender que ele ocorre entre o dito e o omitido. As práticas discursivas - das políticas educacionais produzem e os colocam no lugar da culpa, da correção, da falta. Dessa maneira, os anulam como sujeito no processo de escolarização ao delegar o conhecer a si, por meio de um saber reconhecido, institucionalizado como verdade. Ficam estabelecidos mecanismos estratégicos de seletividade social, sejam pelas observações ou pelas confissões feitas pelos próprios alunos para, posteriormente, compreendê-los pelas diferentes vertentes de discursos oficiais, pela produção do conhecimento. Constatou-se, então, que o fracasso escolar ocorre pela reincidência e negatividade dos sujeitos a partir de práticas discursivas pedagógicas que trazem o fracasso escolar como um potencial de seletividade respaldado por princípios de aprendizagem e de assujeitamento dos alunos, assumindo características de normalização pela indiferença de quem é o aluno e por que fracassa.

ASSUNTO(S)

fracasso escolar política educacional ensino fundamental educacao

Documentos Relacionados