APRENDENDO COM O SUBALTERNIZADO: O QUE MARIA LINDALVA NOS ENSINA SOBRE A IDEOLOGIA HEGEMÔNICA DO SENSO COMUM E A SELEÇÃO DE TEXTOS PARA MATERIAIS DIDÁTICOS DE INGLÊS?

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-04

RESUMO

RESUMO No âmbito dos materiais didáticos para o ensino crítico e vocacional de línguas, a escrita de materiais que vão ao encontro dos objetivos profissionais no ensino público médio-técnico integrado e comprometido com a agenda da educação crítica para a formação cidadã merece devida atenção. Se, por um lado, o Letramento Crítico consubstancia práticas de engajamento com a mudança social (LUKE; FREEBODY, 1997), a promoção de oportunidades para o desenvolvimento de um olhar crítico a respeito de ideologias, culturas, economias, instituições e sistemas políticos dominantes (TILIO, 2013; 2017), e o exame de nosso locus de enunciação para que sejamos capazes de desaprender nossos lugares de privilégios e aprender com o subalternizado (ANDREOTTI, 2007); por outro lado, os materiais didáticos disponíveis para cursos técnicos de nível médio parecem não levar em consideração tais premissas, especialmente a última. Com o intuito de preencher essa lacuna, escrevi uma unidade didática (Society Matters?) para aprendizes do 3º ano do ensino médio-técnico, em que a autobiografia de Maria Lindalva, uma ex-ativista sem-terra subalternizada, cria oportunidades de discussão acerca dos ideais de trabalho, esforço e sucesso que desafiam a ideologia hegemônica do senso comum. Por meio da bricolagem construtivista (DENZIN; LINCOLN, 2005) envolvendo sua vídeo-autobiografia, a referida unidade didática, as memórias dos meus encontros pedagógicos com os aprendizes de 2015 a 2018, e duas linhas de interpretação que foram levantadas no seu decorrer, examinei em que medida os discursos a respeito da narrativa de Maria Lindalva refletem e refratam ideologias do capitalismo neoliberal, contribuindo com o desenvolvimento da postura crítica e a seleção de textos para materiais didáticos de ensino de línguas. Os resultados demonstraram que as análises que validam as realizações de Maria Lindalva podem ser confrontadas com o ponto de vista de sua relação com a escassez (SANTOS, 2017), o que favoreceu o desenvolvimento da postura crítica dos aprendizes; e, finalmente, que foi possível avançar em sua narrativa para mostrar o que Maria Lindalva nos ensina sobre seleção de textos para unidades didáticas destinadas ao ensino crítico de línguas.

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