Aplicação de terapias celulares em um modelo experimental de esclerose lateral amiotrófica / Comparative assessment of stem cell therapy in a rat model of amyotrophic lateral sclerosis

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/11/2011

RESUMO

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma síndrome neurodegenerativa caracterizada por degeneração progressiva dos neurônios motores superiores e inferiores, para a qual, atualmente, não há um tratamento eficiente capaz de aumentar a sobrevida dos pacientes. Por tratar-se de uma doença multifatorial, acredita-se que terapias que consigam atuar em diversas causas simultaneamente sejam mais efetivas. Apesar de ainda não ser totalmente compreendida, as células-tronco (CT) aparentemente são capazes de modificar o microambiente da lesão e, sob este aspecto, apresentam-se como boas candidatas às terapias para doenças neurodegenerativas. No presente trabalho utilizamos o modelo de ratos transgênicos que superexpressam a enzima superóxido dismutase dependente de cobre e zinco (SOD1) humana mutada como ferramenta de estudo sobre a ELA. Na primeira etapa do trabalho esclarecemos a sucessão de eventos celulares e moleculares que ocorrem ao longo do processo de degeneração neuronal no modelo de ELA em ratos. Observamos que a morte dos neurônios motores foi acompanhada por gliose, aumento da expressão de citocinas inflamatórias e de alguns fatores tróficos, além de mobilização das células precursoras neurais. De acordo com os dados obtidos na primeira etapa, duas fases distintas da doença foram selecionadas para estudar a terapia celular nos ratos SOD1: a fase pré-sintomática e a fase sintomática inicial. O desenho experimental da segunda etapa foi elaborado de acordo com duas questões distintas: I) A progressão da doença pode ser retardada por terapias com CT? II) Como as CT reagem ao ambiente neurodegenerativo em diferentes estágios? Foram comparados os efeitos de diversos tipos de CT: neurais, mesenquimais ou a associação de ambas. O transplante celular não promoveu qualquer melhora no quadro motor, possivelmente devido à grande variabilidade do modelo e pelo fato de que as CT não se distanciaram muito do local do transplante. Vimos que os diferentes tipos de CT utilizados resultaram em efeitos distintos no microambiente degenerativo da ELA, destacando-se a modulação da gliose, a mobilização dos precursores neurais endógenos e a expressão diferencial de quimocinas e citocinas na medula espinal. Esses efeitos dependeram da fase da doença em que ocorreu o transplante celular, caracterizando uma complexa interação entre as células transplantadas e do hospedeiro. Por fim, as neuroesferas derivadas da medula espinal fetal de transgênicos para SOD1, que consiste em um modelo in vitro para estudo da ELA, indicam que, em fases precoces do desenvolvimento, algumas alterações produzidas pela SOD1 mutada já podem ser detectadas. Uma das maiores contribuições deste trabalho está na concepção de que o desenvolvimento de terapias celulares para ELA deve envolver uma vasta compreensão dos mecanismos degenerativos e das propriedades biológicas das inúmeras fontes de CT.

ASSUNTO(S)

células-tronco esclerose lateral amiotrófica neurodegeneração terapia celular neurônio motor neurologia

Documentos Relacionados