Antiga Vila Boa de Goiás: experiências e memórias na/da Cidade Patrimônio

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este trabalho aborda a história patrimonial da Cidade de Goiás, que foi sede político-administrativa desde o período colonial até a década de 1930, quando ocorreu a transferência da capital estadual da antiga Vila Boa de Goiás para Goiânia cidade planejada para se a nova capital do estado de Goiás à época. Investigando a história desta cidade, percebi que a idéia de cidade histórico-patrimonial foi se construindo à medida que se reforçava a imagem de uma cidade que aparecia nos discursos da imprensa local como raiz da cultura goiana. Partindo de 1950, quando ocorreram as primeiras ações do SPHAN na Cidade de Goiás, foquei minhas reflexões nas políticas de tombamento dos bens considerados patrimoniais e comecei a mapear, na antiga Vila Boa de Goiás, a trajetória do órgão responsável pela preservação de bens históricos, artísticos e culturais no Brasil. Com base nesta investigação, percebi alguns marcos neste processo. Em 1978 o já então IPHAN promoveu outra leva de tombamentos na cidade, ampliando a noção de patrimônio e considerando importantes verdadeiras malhas urbanas. De 1997 a 1999, em diálogo com moradores que permaneceram na Cidade de Goiás mesmo após a transferência da capital para Goiânia, percebi que a história da transferência da capital lhes gerava desconforto e mágoa, e estes aludiam, muitas vezes à imagem da cidade que foi abandonada depois do acontecimento. Até este momento, o marasmo da cidade um dos fatores apontados para justificar a mudança da capital aparecia como algo negativo, ainda que o espaço urbano já se movimentasse em torno na noção de patrimônio histórico e estes moradores se preocupassem em defender o espaço em que residiam. De 2003 a 2005, preocupada em compreender o modo como os moradores da cidade histórica viam e viviam esta cidade, tratei de procurar pessoas que residem em bairros menos abastados da antiga Vila Boa. Neste período, mais engajados à cidade patrimônio e às práticas turísticas que a envolviam, alguns moradores se entrecruzavam ao movimento turístico local, mas ainda se viam desvinculados, em muitos casos, da dinâmica do chamado centro histórico da cidade. Em fevereiro de 2007, já com um novo olhar, procurei dialogar com pessoas que trabalham e vivem cotidianamente a dinâmica do centro histórico de Goiás. Conversei com doceiras, artesãs, empresários(as) e trabalhadores(as) de lojas ali localizadas. Percebi uma transformação notável nos modos de ver e viver esta cidade. O marasmo antes narrado como parte da mágoa da transferência da capital, hoje se inscreve de forma significativa como tranqüilidade, traduzindo-se, para eles, como qualidade de vida. Entrecruzados à história de construção de uma memória hegemonicamente construída do patrimônio local, estes moradores re-significam tradições e desta memória, parte de suas vidas. Enfim, utilizando-me, sobretudo da análise de folders turísticos e propagandísticos (destinados à trajetória do visitante da cidade), cartões-postais, artigos de jornais locais, narrativas literárias e narrativas orais, trato aqui de apontar as expressões das experiências e das memórias na e da Cidade Patrimônio logrando perceber o modo como os moradores a vivem e significam

ASSUNTO(S)

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