Angiossarcoma e lesões vasculares atípicas da mama: estudo clínico, patológico e evolutivo de casos diagnosticados e tratados em uma única instituição

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Objetivos: Avaliar as características morfológicas e evolutivas de uma série de casos de angiossarcomas (AS) e lesões vasculares atípicas da mama (LVA) quanto a: características clínicas das pacientes, aspectos anátomo-patológicos das lesões e evolução das pacientes após o diagnóstico. Verificar se ocorre evolução de lesões vasculares atípicas para angiossarcoma da mama, a fim de esclarecer se essas lesões se comportam de forma benigna ou representam lesão de risco para desenvolvimento de angiossarcoma. Material e método: Foi analisada uma série de casos de pacientes com diagnóstico anátomo-patológico de angiossarcoma e lesões vasculares atípicas da mama a partir da revisão dos prontuários e arquivos de laudos anátomo-patológicos do Serviço de Patologia do Instituto Europeu de Oncologia (IEO), Milão, no período de janeiro de 1999 a julho de 2009. Os dados clínicos analisados foram obtidos a partir da pesquisa nos prontuários médicos das pacientes. Os dados histopatológicos foram obtidos dos laudos anátomo-patológicos e/ou relatórios prévios arquivados no serviço de Patologia do IEO. As diferenças entre os angiossarcomas primário (ASP) e secundário (ASS) foram analisadas utilizando o teste exato de Fisher para variáveis categóricas e o testes de Kruskall-Wallis para variáveis contínuas. A sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG) em meses dos casos de angiossarcoma foram avaliadas em relação às seguintes variáveis: idade da paciente, tipo do tumor (primário ou secundário), tamanho do tumor no exame anátomo-patológico, grau histológico do tumor e tipo de cirurgia (radical ou conservadora). Curvas de sobrevida foram construídas utilizando o método de Kaplan-Meier e foram comparadas usando o teste Log-rank. Na abordagem das LVA, foi realizada análise descritiva. Resultados: Foram identificados 28 casos de angiossarcoma e 24 casos de lesões vasculares atípicas da mama. Destes, oito (28,6 %) casos apresentaram angiossarcoma primário e 20 casos (71,4%) correspondiam a angiossarcoma secundário rádio-induzidos. Todos os casos de LVA também foram secundários à radioterapia prévia da mama. O período de latência entre a irradiação da mama e diagnóstico de AS foi de 7,5 anos ou 90 meses (12-271 meses). A idade mediana das pacientes com angiossarcoma primário foi de 42 anos, e das pacientes com tumor secundário foi de 66 anos (p=0,007). A totalidade das pacientes com ASP foi diagnosticada clinicamente com tumoração palpável na mama, sem alterações na pele, enquanto que todas as pacientes com ASS apresentavam alterações na pele, como equimoses e rash cutâneo (p=<0,001). Entre as pacientes com ASP, 37,5% apresentavam tumor de alto grau histológico, em contraste com 70% dos casos de ASS. A mediana do tamanho tumoral foi semelhante nos dois grupos. O tratamento cirúrgico predominante foi mastectomia total (75%). Radioterapia (RT) e quimioterapia (QT) adjuvantes foram realizadas em 14,3% e 42,5% dos casos, respectivamente, em pacientes com prognóstico desfavorável. Alto grau histológico do tumor foi fortemente relacionado a piores SLD e SG (p=0,02 e p=0,04, respectivamente). Pacientes com angiossarcoma do tipo secundário apresentaram pior prognóstico em relação às pacientes com angiossarcoma primário (SLD Log-rank p=0,02; SG Log-rank p=0,06). Dentre as pacientes com ASS, 10% apresentavam LVA na periferia da lesão. Entre as pacientes com LVA, a mediana de idade ao diagnóstico foi de 58 anos, a mediana do tamanho tumoral foi de 0,5 cm e o período de latência entre a RT e o surgimento da LVA foi de 49 meses, menor que o tempo para surgimento dos ASS. Apenas uma paciente cursou com recidiva local (4,2%) e duas pacientes (8,3%) apresentaram angiossarcoma 19 e 89 meses depois. Conclusões: Nossos achados mostraram que os angiossarcomas secundários constituem entidade clinicopatológica distinta dos angiossarcomas primários, sendo tumores mais agressivos, com epidemiologia, clínica, história natural e prognóstico diferentes. As LVA são lesões circunscritas, diminutas, que surgiram com menor tempo de latência que os angiossarcomas de baixo grau, apresentaram evolução benigna e prognóstico favorável. Todavia, dois casos de nossa série (8,3%) desenvolveram angiossarcoma no sítio de biópsia prévia.

ASSUNTO(S)

patologia mamas câncer. hemangiossarcoma decs lesões do sistema vascular decs neoplasias da mama decs mama/patologia decs análise de sobrevida decs neoplasias induzidas por radiação decs prognóstico decs

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