Aneurismas intracranianos incidentais não rotos de circulação cerebral anterior : impacto da microcirurgia nas funções cognitivas e comportamentais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/03/2012

RESUMO

Recentes avanços tecnológicos nas modalidades de imagem, associados ao aumento da prevalência das doenças cerebrovasculares em geral, têm contribuído para uma maior detecção incidental dos aneurismas intracranianos não rotos. Quando se opta pela intervenção terapêutica, é consenso na literatura que a maioria das lesões pode ser tratada com baixas taxas de morbimortalidade independentemente do método adotado. Alguns recentes estudos sugeriram que alterações do estado cognitivo poderiam ser uma forma de complicação associada ao tratamento microcirúrgico. Todavia, até o momento, nenhuma pesquisa apresentou análise das funções comportamentais ou avaliação cognitiva com prazo superior a 12 meses de pós-operatório. O presente trabalho visa contribuir pioneiramente para a busca de conhecimentos nesses domínios.OBJETIVO : Avaliar o impacto do tratamento microcirúrgico nas funções cognitivas e comportamentais em pacientes com aneurismas intracranianos incidentais não rotos de circulação cerebral anterior.MÉTODO : Ensaio clínico com controle intra-grupo, envolvendo 40 sujeitos com aneurismas intracranianos incidentais não rotos de circulação cerebral anterior submetidos à clipagem microcirúrgica por via pterional direita ou esquerda. Os pacientes foram avaliados em três momentos: no período pré-cirúrgico, três meses e três anos após a intervenção. Os testes cognitivos e comportamentais usados foram: o Miniexame do Estado Mental, a Escala de Inteligência para Adultos de Wechsler III, a Escala de Memória de Wechsler III, o Teste de Nomeação de Boston, o Teste Stroop, o Teste de Fluência Verbal e o Teste FrSBe (Escala de Personalidade Frontal). Parâmetros comuns de epidemiologia e evolução também foram analisados. Análise estatística foi realizada com o teste t de Student e a análise de variância (ANOVA), seguida do teste de post-hoc de Bonferroni. Os resultados foram considerados significativos quando P ≤ 0,05.RESULTADOS : Entre os 40 pacientes da amostra, houve predomínio do gênero feminino (87,5%) e a média de idade geral foi 54,1 anos. A distribuição topográfica dos aneurismas tratados foi: artéria carótida interna (45%), artéria cerebral média (45%) e artéria comunicante anterior (10%). Cinco pacientes apresentaram aneurismas múltiplos. O tamanho variou entre 3 e 15 mm (média: 5,67 mm). Os aneurismas foram totalmente excluídos pela clipagem em 95% dos casos. Complicações neurológicas ocorreram em 7,5% dos pacientes e não houve óbitos. Os testes cognitivos e comportamentais não mostraram piora no desempenho dos pacientes após a intervenção microcirúrgica a curto ou a longo prazo. Características clínicas e demográficas (gênero, idade, escolaridade e fatores de risco para doença cerebrovascular) não foram variáveis preditivas para alteração cognitiva ou comportamental. Abordagem cirúrgica, curva de aprendizado dos cirurgiões, topografia arterial, multiplicidade e tamanho dos aneurismas também não interferiram nos resultados dos testes aplicados.CONCLUSÃO : Em pacientes com aneurismas intracranianos incidentais não rotos de circulação cerebral anterior, o tratamento microcirúrgico não alterou as funções cognitivas e comportamentais a curto ou a longo prazo. O tratamento microcirúrgico apresentou eficácia muito alta, associada a baixa taxa de morbimortalidade e a ótima recuperação funcional.

ASSUNTO(S)

medicina neurocirurgia aneurisma intracraniano microcirurgia circulaÇÃo cerebrovascular cogniÇÃo comportamento medicina

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