Analysis of postpartum depression effect on mother-infant interaction via behavioral categories and maternal interaction styles / Análise do efeito da depressão pós-parto na interação mãe-bebê via categorias comportamentais e estilos interativos maternos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Introdução: Este estudo faz parte de uma pesquisa longitudinal sobre depressão pós-parto (DPP), suas possíveis causas e conseqüências para a interação mãe-bebê e para o desenvolvimento infantil (Projeto Temático da FAPESP). As participantes foram entrevistadas no terceiro trimestre de gestação e as díades mãe-bebê foram avaliadas dois dias após o parto, no terceiro e no quarto mês de idade da criança. No quarto mês da criança, certas categorias comportamentais (olhar, sorriso, toque, verbalização/vocalização e choro), vigentes na interação mãe-bebê, foram analisadas em função da presença de indicadores de DPP. Foram analisados também os estilos interativos maternos (intrusivo, retraído e boa interação) a partir do protocolo de Field (FIELD et al., 2003). Métodos: Aplicando a EPDE (Escala Pós-parto de Edimburgo) no terceiro mês, as participantes foram separadas em dois grupos: potencialmente deprimidas (N = 25) e não-deprimidas (N = 50). As 75 díades foram filmadas aos quatro meses durante, aproximadamente, três minutos. Resultados: (1) Mães com menor escolaridade, maior número de filhos e histórico de depressão anterior à gravidez tinham maiores probabilidades de apresentar DPP. (2) Foram encontradas as seguintes relações significativas: a. Independentemente da DPP: Bebês de mães que haviam planejado a gravidez, em média, vocalizaram mais; b. Específicas de díades com DPP: Quanto maior o número de outros filhos, menos as mães verbalizaram para seus bebês; e quanto maior o número de crianças (sem parentesco com o bebê) morando na mesma casa, mais os bebês vocalizaram para suas mães; e c. Específica de díades sem DPP: Quanto maior o número de outros filhos, mais os bebês vocalizaram para suas mães. (3) Apesar de as díades com e sem DPP não diferirem quanto à freqüência de comportamentos, a DPP teve um impacto diferencial nos arranjos interativos diádicos. Apenas as mães sem DPP apresentaram padrão correlacionado de verbalização, sorriso e olhar dirigido para seus bebês; enquanto, seus bebês, também apresentaram padrão correlacionado de vocalização, sorriso, olhar e ausência de choro em resposta às suas mães. (4) A Análise Fatorial agrupou os comportamentos interativos das mães e dos bebês segundo três fatores: 1. Afetividade positiva diádica (sorriso da mãe; sorriso, vocalização e ausência de choro do bebê); 2. Olhar do bebê para o toque da mãe (toque da mãe; olhar do bebê para mão da mãe e ausência de contato de olhar do bebê); 3. Verbalização da mãe dirigida ao bebê (olhar e verbalização da mãe). (5) Para a amostra geral, a distribuição das freqüências dos estilos interativos maternos foi a seguinte: boa interação (57,3%), intrusivas (33,3%) e retraídas (9,3%). (6) Somente mães sem DPP retraídas olharam e verbalizaram menos para seus bebês quando comparadas às demais. Conclusão: A ausência de diferenças entre as médias dos comportamentos exibidos pelas díades em função da DPP aponta para a existência de mecanismos compensatórios maternos (luta contra a indisponibilidade emocional e fator de proteção do bebê). A DPP parece capaz de perturbar os arranjos interativos tornando-os menos consistentes. Porém, apesar desta possível limitação, por vezes, mães com DPP podem interagir adequadamente com seus bebês. Por fim, a DPP por não se tratar de um fenômeno capaz de incidir linearmente sobre a interação mãe-bebê, e sobre o desenvolvimento infantil posterior, deve ser investigada em associação com outros fatores psico-sociais de risco.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento infantil child development mother child relations depressão pós-parto postpartum depression relações mãe-criança

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