Análise microestrutural confocal in vivo de córneas apresentando anel de Kayser-Fleischer em pacientes com doença de Wilson

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Bras. Oftalmol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2018-04

RESUMO

RESUMO Objetivo: Avaliar, ao nível microestrutural, através de microscopia confocal in vivo a lazer, 12 córneas com anel de Kayser-Fleischer visível ao exame da lâmpada de fenda e compará-las com 12 córneas clinicamente normais de indivíduos com idades correspondentes aos pacientes com doença de Wilson e sintomas neurológicos. Métodos: O estudo incluiu 12 indivíduos com doença de Wilson e sintomas neurológicos (24 córneas). Doze córneas apresentavam clinicamente o anel clássico de Kayser-Fleischer e as outras 12 serviram como controle. Todos os pacientes foram submetidos a um exame clínico abrangente e a uma análise microestrutural subsequente utilizando microscopia confocal in vivo de varredura a laser. Os principais resultados observados foram: aumento da espessura da córnea, diminuição do número de células, aumento de resíduos/depósitos específicos e microestrutura atípica. Resultados: Clinicamente, todos os indivíduos com anel de Kayser-Fleischer (12 olhos) apresentaram achados similares da córnea e pressão intraocular normal. Dois indivíduos também apresentaram uma catarata de girassol típica e diminuição da acuidade visual. Todos os olhos do grupo controle apresentaram acuidade visual, pressão intraocular e aparência corneana normais. A microscopia confocal in vivo com varredura a laser revelou achados semelhantes em todas as córneas afetadas. O número de ceratócitos no estroma anterior era menor, 17.380/mm3 (22.380/mm3 no grupo controle), e entre eles foram identificadas áreas escuras arredondadas "vazias". Essas zonas escuras eram generalizadas e similares em todas as córneas examinadas e em todas as camadas da córnea. No estroma posterior periférico, havia presença de depósitos granulares brilhantes e com aparência de pó que tendiam a aumentar em número e densidade no sentido da membrana de Descemet, mascarando o endotélio periférico. As córneas controle apresentaram estrutura normal, com exceção de depósitos granulares com aparência de pó na periferia. Conclusões: A microscopia confocal in vivo é uma ferramenta útil para a avaliação da microestrutura da córnea quando o anel de Kayser-Fleischer está clinicamente presente. O anel é constituído de partículas granulares brilhantes com densidade aumentada no sentido da membrana de Descemet. Sua presença está associada com uma diminuição do número de ceratócitos e com áreas circulares escuras "peculiares" em todas as camadas estromais, que representam, provavelmente, um sinal de dano da córnea. Quando o anel não está clinicamente visível, a estrutura da córnea in vivo encontra-se insignificantemente alterada.

ASSUNTO(S)

córnea degeneração hepatolenticular substância própria lâmina limitante posterior microscopia confocal

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