Análise estereológica e funcional do testículo de rãs-touro (Lithobates catesbeianus) sexualmente maduras, com ênfase na cinética espermatogonial, proliferação e número de células de sertoli por cisto espermatogênico

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/02/2011

RESUMO

A espermatogênese é um processo cíclico e complexo que resulta na produção diária de milhões de espermatozóides. Embora existam particularidades entre as diferentes espécies, este processo se apresenta bem conservado entre as diversas classes de vertebrados, e as interações morfofuncionais entre as células somáticas e germinativas (CG) são cruciais para o seu sucesso. A rã-touro (Lithobates catesbeianus) é uma espécie de anuro que foi introduzida no Brasil em torno de 1930, devido a sua substancial importância econômica. Embora seja utilizada como modelo experimental em pesquisas biológicas, incluindo-se a biologia da reprodução, o conhecimento acerca da estrutura e função testiculares desta espécie é ainda escasso. Neste sentido, os objetivos principais da presente investigação foram os de se realizar análises histológicas, morfométricas e funcional do testículo de rãs-touro sexualmente maduras, com ênfase na cinética espermatogonial, bem como na proliferação dos elementos somáticos [Célula de Sertoli (CS); Célula de Leydig (CL); e Célula Peritubular Mióide (CPM)] e número de CG e CS por cisto espermatogênico. Dezesseis rãs-touro foram utilizadas e, com intuito de se estimarem índices mitóticos, oito delas receberam uma única injeção intracelomática de timidina triciada (1Ci/g/PC) e tiveram os seus testículos coletados 2 a 3 horas após a injeção. Os animais foram anestesiados e tiveram os testículos removidos, seccionados transversal e longitudinalmente, de forma a se obterem fragmentos que representassem seis diferentes regiões previamente definidas deste órgão. Estes fragmentos foram então fixados por imersão em glutaraldeído 4%, rotineiramente incluídos em glicol-metacrilato e processados para análises histomorfométricas e radioautográficas. Os resultados obtidos mostraram que não houve diferença na disposição dos túbulos seminíferos nas diferentes regiões investigadas, bem como na atividade espermatogênica e na proporção dos compartimentos tubular e intertubular, indicando que os elementos constituintes do parênquima testicular em rãs-touros apresentam distribuição homogênea. Ainda, os resultados obtidos mostraram que todas as rãs-touros investigadas encontravam-se em pleno período reprodutivo. Baseado nas contagens e caracterização morfológica das diferentes células espermatogênicas, estimou-se em oito o número de gerações de espermatogônias nesta espécie de anfíbio, sendo uma delas do tipo A e 7 de espermatogônias do tipo B. Conforme ocorre em vertebrados inferiores, os volumes nuclear, citoplasmático e celular das CG decresceram acentuadamente de espermatogônia do tipo A até espermátides, tendo no entanto um pequeno mas substancial aumento em espermatócitos primários em leptóteno/zigóteno. Já o diâmetro e volume nuclear das CS mostraram-se estáveis nos cistos espermatogoniais e espermatocitários (até diplóteno), aumentando marcadamente até espermátide final. Conforme esperado, o número de CG cresceu de forma drástica desde os cistos de espermatogônias do tipo A até os cistos de espermátides iniciais. Por outro lado, o número de CS aumentou gradualmente a partir dos cistos de espermatogônias do tipo B finais, com novo incremento no final da fase espermatocitária, tendendo à estabilização na fase espermiogênica. Aparentemente, a freqüência dos cistos espermatogênicos refletiu a duração de cada uma das três fases da espermatogênese, estimada previamente em nosso laboratório, onde a fase espermatogonial foi mais longa do que as outras duas fases. Embora de pequena magnitude, apoptoses parecem ocorrer nas três fases do processo espermatogênico, fazendo com que pouco mais de 50% das espermátides teoricamente esperadas, baseada nas contagens celulares, fossem produzidas. À semelhança do encontrado para outros parâmetros, os índices de proliferação das células somáticas não mostraram diferenças significativas entre as seis diferentes regiões testiculares avaliadas. Quanto a avaliação abordando a proliferação dos elementos somáticos em relação aos diferentes tipos de cistos espermatogênicos, as CS apresentaram-se preferencialmente associadas à espermatogônias do tipo B, sugerindo uma adequação do número de CS ao aumento marcante do número de CG que ocorre nesta etapa. Já as CL e CPM não apresentaram índices de proliferação que permitissem inferir claramente uma associação preferencial a determinado tipo de cisto. Finalmente, além de ter caracterizado mais detalhadamente a função testicular em rãstouros e permitir a comparação dos dados obtidos com àqueles de outras espécies de vertebrados, esperamos que os resultados inéditos obtidos no presente estudo possam ser de grande valia em futuras investigações abordando este modelo experimental.

ASSUNTO(S)

biologia celular teses espermatogenese teses. rã touro teses. sertoli, células de teses. célula peritubular mióide

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