Análise espacial da distribuição da fauna de vertebrados de médio e grande porte frente a dois padrões de desmatamento típicos da floresta Amazônica, na região de Alta Floresta - MT / Spatial analysis of midsized and large-bodied vertebrates according to two typical deforestation patterns of the Amazon forest in Alta Floresta region - MT State

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/08/2011

RESUMO

A Amazônia Brasileira possui diversos tipos de padrão de desmatamento, variando do típico padrão \"espinha-de-peixe\", comum em pequenas propriedades, para grandes áreas desmatadas (padrão grandes propriedades), resultando em paisagens com diferentes estruturas, configuração e nível de perturbação. A teoria sugere que uma perda desproporcional de espécies ocorre quando a cobertura total de habitat cai para menos de 30% da paisagem, e a configuração passa então a ter um maior efeito sobre as espécies. Para analisar o efeito da configuração de habitat na persistência e riqueza de vertebrados de médio e grande porte (aves e mamíferos) foram amostradas 21 paisagens (4 x 4 km) do sul da Amazônia com quantidade similar de habitat (~25%), mas configurações de paisagem contrastantes. Entrevistas (n = 150) foram aplicadas de Fevereiro a Julho de 2009 para registrar a ocorrência de vertebrados, e o nível de perturbação das 21 paisagens, compostas de sete áreas controle (áreas não perturbadas de floresta contínua), sete paisagens com padrão de grandes propriedades e sete de espinhas-de-peixe. Métricas de paisagem foram extraídas de uma imagem Landsat-TM de 2009 e de 14 imagens Landsat-TM bianuais, para determinar o melhor preditor para a persistência das espécies. Existiu uma diferença significativa na riqueza de espécies entre os padrões espinha-de-peixe, grandes propriedades e as áreas controle, com uma média de 29.28 (SD=4.6), 38.8 (SD=5.2), e 43.5 (SD=2.2), respectivamente. Nós também encontramos um maior número de espécies especialistas nas áreas controle (média ± SD = 13.7 ± 0.95) e grandes propriedades (média ± SD = 11.71 ± 2.2), quando comparadas ao padrão espinha-de-peixe (média ± SD = 5.14 ± 2.6). Os resultados da NMDS mostram que a comunidade de vertebrados de médio e grande porte das áreas controle é muito similar à comunidade encontrada nas unidades de grande propriedade, além de todas as unidades de área controle e grande propriedade serem homogêneas entre si. Por outro lado, as unidades espinha-de-peixe, além de apresentarem uma maior heterogeneidade entre suas unidades, também se mostrou muito dissimilar em relação às outras paisagens, tanto para a comunidade de vertebrados quando para a comunidade de espécies especialistas. O padrão espinha-de-peixe também apresentou uma alta intensidade de queimadas, retirada de madeira e pressão de caça, enquanto que o padrão grandes propriedades apresentou uma leve intensidade de queimada e uma alta pressão de caça, e as áreas controle não apresentaram nenhum sinal de perturbação. O número de espécies e o número de espécies especialistas foram negativamente afetados pelo número de fragmentos e, secundariamente, pela idade de isolamento. Assim, quanto maior o número de fragmentos na paisagem e maior o tempo de isolamento, menor será a riqueza de espécies e o número de espécies especialistas. Nossos resultados demonstram que o padrão grandes propriedades leva a uma estrutura de paisagem mais favorável para a biodiversidade. Este tipo de paisagem pode manter um alto número de espécies e uma comunidade de vertebrados de médio e grande porte mais diversa, incluindo predadores de topo e grandes cracídeos, considerados fundamentais para a integridade do ecossistema, sendo mais similar às áreas controle. Por outro lado, o padrão espinha-de-peixe leva a uma paisagem mais fragmentada, com uma comunidade de vertebrados mais pobre e dominada por espécies generalistas.

ASSUNTO(S)

padrões de desmatamento large vertebrates amazônia brasileira brazilian configuração da paisagem deforestation patterns ecologia de paisagem grandes vertebrados landscape ecology

Documentos Relacionados