Analise eletromiografica dos musculos masseter e temporal durante atividade mastigatoria em portadores de disfunção temporomandibular

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a atividade, o padrão, a freqüência mediana e o coeficiente de inclinação da reta de regressão linear do espectrograma (SLOPE) do sinal eletromiográfico dos músculos masseter e porção anterior do temporal de voluntários portadores de disfunção temporomandibular (DTM) e clinicamente normais. Foram avaliados 20 voluntários do sexo feminino, divididos em dois grupos. O grupo DTM foi constituído por dez portadores de DTM miogênica, com idade entre 20 e 33 anos (x=24,6 e DP=4,19) e o grupo CONTROLE, indivíduos considerados clinicamente normais em avaliação prévia, com idade entre 21 e 27 anos (x=23,8 e DP=1,68). Todos assinaram o consentimento formal de participação (CNS 196/96). Os sinais eletromiográficos foram captados por eletrodos ativos diferencias de superfície com impedância de entrada de lOGO, CMRR de 130 dB e 2 picofaraday, e ganho de 100 vezes. Os traçados eletromiográficos foram registrados utilizando-se um eletromiógrafo composto por módulo condicionador de sinas de 16 canais, e placa AID de 12 bites de resolução de faixa dinâmica, filtro do tipo Butterworth, de passa-baixa de 509 Hz, de passa-alta de 10,6 Hz, ganho 10 vezes e freqüências de amostragem de 1.000 Hz. Para observar o comportamento das diferentes variáveis estudadas, os sinais esletromiográficos foram tomados em 3 diferentes intervalados do tempo que incluíram sempre 3 ciclos mastigatórios do abaixamento a elevação da mandíbula. O primeiro intervalo de tempo compreendeu os três primeiros ciclos completos compreendidos entre o instante inicial do registro até 4 segundos. No segundo intervalo foram calculados os valores de amplitude eletromiográfica dos 3 ciclos mastigatórios completos registrados após o 5° segundo de coleta. Por fim, o terceiro intervalo de análise, incluiu os três últimos ciclos mastigatórios completos compreendidos entre o 11° e 15° segundos. Foram avaliados os valores da Root Mean Square (RMS), da freqüência mediana, o SLOPE e o padrão de ativação dos músculos estudados, utilizando os testes estatísticos de Kolmogorov-Smirnov, para avaliar a nonna1idade de distribuição dos dados; o teste T de Student não pareados, para comparar valores entre os dois grupos de estudo; e o teste de Kruskal-Wallis para análise de variância dos dados de cada um dos grupos de estudo. Foram considerados valores de p significativos aqueles menores que 5%. Quando os valores médios de RMS normalizados pela contração isométrica voluntária máxima e freqüência mediana, do grupo DTM e CONTROLE, foram comparados entre músculos nenhuma diferença estatística significativa foi observadas para nenhum dos intervalos de tempo selecionados (p>0.05). Os valores de RMS normalizados e de freqüência mediana, de cada um dos músculos, também foram pareados por músculos do grupo CONTROLE e DTM e nenhuma diferença estatisticamente significativa (p>0.05) foi encontrada em nenhum dos trechos de tempo estudados. Os valores do SLOPE do grupo CONTROLE apresentaram um padrão regular entre os músculos, sendo negativos no primeiro intervalo de análise, positivo no segundo e novamente negativo no fim do registro. O grupo DTM apresentou, em todos os intervalos de tempo analisados, valores negativos de SLOPE. A avaliação dos coeficientes de variação dos envoltórios lineares mostrou elevada variação no padrão de ativação dos diferentes músculos estudados tanto no grupo CONTROLE quanto no grupo DTM. Nestas condições experimentais é possível concluir que um período de 15 segundos de mastigação não foi suficiente para evidenciar sinais de fadiga muscular, em nenhum dos grupos de estudo, de acordo com o comportamento das variáveis estudadas. Os valores do SLOPE encontrados neste estudo sugerem que o grupo DTM e o grupo controle apresentam diferente tendências de recrutamento das unidades motoras dos músculos mastigatórios, ou ainda um alteração na proporção de unidades motoras do tipo I e do tipo II. A não diferença dos valores de RMS entre os grupos de estudo ressalta a grande variedade de combinações de músculos hipoativos e hiperativos em portadores de DTM e a necessidade de uma abordagem individualizada na assistência destes pacientes. A grande variação nos padrões de ativação ao longo dos registros sugere diferentes estratégias para a realização de uma mesma tarefa motora e merece mais estudos que compare a eficiência da mastigação entre grupos clinicamente normais e com DTM

ASSUNTO(S)

musculos eletromiografia articulação temporomandibular mastigação

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