Análise do conforto na atividade de desossa de carne bovina: um estudo de caso

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo investigar o conforto na atividade de desossa de carne bovina. A pesquisa foi dividida em duas etapas: teórica e empírica. Na primeira, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre os aspectos conceituais do conforto, elaborado um modelo conceitual e dimensões de análise do fenômeno. Na segunda etapa foi realizado um estudo de caso, num frigorífico de carne bovina, baseado nas dimensões de análise do conforto: ambiental, mental e física. Para análise da dimensão mental, foram realizadas observações da atividade e utilizado recursos como: filmagens, fotografias, registro de verbalizações e anotações livres. Foram aplicados ainda: questionário de perfil dos sujeitos, usabilidade, desconforto/dor, questionário de atributos de conforto, produtividade e qualidade de desossa. Para análise da dimensão física foi realizada a contagem dos tempos e movimentos, através de filmagens dos ciclos de desossa e antropometria das mãos dos sujeitos, através do método da biofotogrametria. Para averiguação da dimensão ambiental do posto de desossa, foi feita análise do layout, iluminação, temperatura e ruído. Os resultados foram analisados através de estatística descritiva e os dados foram tratados a partir da análise de gráficos, figuras e tabelas, com recursos de média e porcentagens. Os resultados da pesquisa quanto aos aspectos teóricos apontaram que o conceito de conforto se constitui pela via dos conceitos de complexidade, subjetividade, percepção, interação e crenças e pode ser estudado sob três dimensões principais (física, mental e ambiental) que são avaliados à luz das atividades executadas pelos sujeitos no seu sistema de trabalho. Quanto ao estudo de caso, os resultados apontaram que 50% dos sujeitos percebem conforto no uso da faca de desossa atualmente utilizada e os principais atributos geradores de conforto, em ordem decrescente, foram: afiação e tipo de lâmina. Quanto ao índice de desconforto/dor, os dados mais significativos foram: dedos (58%) e ombro (42%); no entanto 75% dos sujeitos referiram ter tido dor e/ou formigamento no último ano. Os fatores relacionados ao ambiente podem contribuir a baixa taxa de conforto percebida, já que apresentam dados que indicam necessidade de medidas corretivas como: ruídos de impacto, baixa luminância, vestimenta não condizente com a baixa temperatura da sala de desossa e resíduos no chão que podem contribuir aos riscos de acidentes. Quanto aos aspectos físicos, a atividade foi considerada repetitiva, com desvio radial do punho freqüente, principalmente no ciclo de desossa do peito (dianteiro do gado). A análise antropométrica evidenciou variação de dados com relação a outros estudos, bem como, variados manejos com a faca. Então, com este estudo pode-se concluir que a atividade de desossa apresenta indicadores de desconforto/dor que podem estar afetando a percepção de conforto dos sujeitos, durante o exercício de suas atividades. A faca atualmente utilizada necessita melhorias no que se refere à qualidade do cabo e lâmina, de forma a contribuir para o conforto dos trabalhadores na atividade de desossa. Possivelmente uma faca projetada com base neste estudo poderá promover maior conforto, satisfação, produtividade e prevenir o desconforto/dor, que pode ser um agravante a incidência de DORTs (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho). Palavras-chave: Ergonomia, Conforto, Faca de desossa.

ASSUNTO(S)

doenças profissionais ergonomia trabalho - análise conforto humano saúde e trabalho engenharia de producao

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