Análise de sobrevida dos pacientes portadores de tumores do Sistema Nervoso Central acompanhados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital da Baleia

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/02/2011

RESUMO

OBJETIVOS: Avaliar a sobrevida de crianças e adolescentes com diagnóstico de tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) tratados e acompanhados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital da Baleia. Analisar a influência de fatores prognósticos sobre a probabilidade de sobrevida dos pacientes, tais como: idade, gênero, procedência, intervalo entre o aparecimento dos sinais e sintomas e o diagnóstico da doença, classificação histopatológica do tumor, localização primária do tumor e estadiamento. PACIENTES E MÉTODOS: Estudo de coorte histórica. Foram estudados, retrospectivamente, os pacientes com idade inferior a 19 anos, portadores de tumores do SNC, acompanhados e tratados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital da Baleia, no período de março de 2003 a dezembro de 2009. As informações foram obtidas por meio da revisão dos prontuários. O método de Kaplan-Meier foi utilizado para estimar a probabilidade de sobrevida global (SGLO) e de sobrevida livre de eventos (SLE), que se constituíram no óbito ou na recidiva da doença. O teste de logrank foi utilizado para comparação entre as curvas de sobrevida na análise univariada. O modelo de regressão de Cox univariado foi utilizado na análise de variáveis quantitativas. O modelo de regressão de Cox foi utilizado para aferição de riscos na análise multivariada. RESULTADOS: A população estudada consistiu de 159 pacientes, com tempo de seguimento variando de três dias a 144 meses (mediana de 13 meses). O intervalo de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico teve mediana de 1,9 meses, com tempo máximo de 42 meses. Na amostra, 52% eram do gênero masculino (83/159). A idade ao diagnóstico variou de 23 dias a 18,5 anos (mediana de 7,2 anos). Os diagnósticos histológicos mais frequentes foram glioma de baixo grau (27%), meduloblastoma (19,5%) e tumor de tronco encefálico (17,6%). Em relação à procedência, 59,5% eram provenientes da região central de Minas Gerais, cujas cidades-polo são Belo Horizonte e Sete Lagoas (94/159). Cefaléia foi o sintoma mais frequente, acometendo 57% dos pacientes ao diagnóstico (89/156). A localização primária mais comum dos tumores foi a infratentorial (55,3%), seguida por supratentorial, linha média e medula espinhal. Apenas 40,9% dos pacientes foram submetidos a ressonância magnética ao diagnóstico e 28,3% à punção liquórica para pesquisa de células neoplásicas. Dos 159 pacientes, 71,1% foram submetidos à cirurgia, e, destes, 77% a realizaram no Hospital da Baleia. Radioterapia foi realizada em 55,4% e quimioterapia em 54,7%. O percentual de óbitos foi de 47,2% (75/159), sendo a maioria (86,7%) por progressão tumoral; apenas 17 pacientes apresentaram recidiva. A SGLO aos 5 anos foi de 42% (IC 95%, 33% a 53%) e a SLE aos 5 anos foi de 32% (IC95%, 24% a 43%). Na avaliação da possível influência dos fatores prognósticos sobre a sobrevida, em análise univariada, foi observada associação significativa para o tempo de surgimento dos sintomas e o diagnóstico (SGLO p=0,046), diagnóstico histológico (SGLO e SLE p<0,001), procedência (SGLO p=0,027 e SLE p=0,026) e local de realização da cirurgia (SGLO e SLE p<0,001). Na análise multivariada, esses fatores mantiveram-se, acrescidos da localização primária do tumor. O estudo mostrou que quanto maior o tempo entre o surgimento de sintomas e o diagnóstico, menor o risco de óbito. O diagnóstico histológico também mostrou associação com a probabilidade de sobrevida; entretanto, essa associação não pode ser quantificada devido ao grande número de subtipos histológicos, e, o tamanho relativamente pequeno da amostra. Pacientes com tumores primários da medula espinhal apresentaram risco de óbito 7 vezes maior que aqueles com tumores de localização infratentorial. Os pacientes provenientes da região II (Centro-sul, Leste do Sul, Sudeste e Sul) de Minas Gerais apresentaram risco de óbito aproximadamente 4 vezes maior que os da região Central. E os pacientes do subgrupo de cirurgia não indicada tiveram risco de óbito 5,4 vezes maior que os operados no serviço do Hospital da Baleia (todos com p<0,001). Detectou-se, ainda, tendência para um risco aumentado de óbito para os pacientes operados em outros serviços. Quando foi avaliado o risco de óbito e/ou recidiva, esse padrão se manteve para todas as variáveis. CONCLUSÕES: A SGLO e a SLE observadas neste estudo foram claramente inferiores às descritas na literatura internacional, porém semelhante a de dois outros trabalhos realizados em centros de referência nacionais. A prevalência aumentada de tumores intrínsecos de tronco encefálico, sabidamente de pior prognóstico, nas três casuísticas pode justificar, em parte, os índices encontrados. Os resultados reforçam a necessidade de uma melhoria no diagnóstico, estadiamento, tratamento e acompanhamento das crianças e adolescentes portadores de Tumores do SNC na instituição e região onde o estudo foi realizado. Estudos multicêntricos com um maior número de indivíduos são necessários para confirmação dos dados encontrados

ASSUNTO(S)

sistema nervoso central teses. sobrevida decs neoplasias do sistema nervoso central decs prognóstico decs análise de sobrevida decs criança decs registros médicos decs estudos de coortes decs análise multivariada decs dissertações acadêmicas decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. adolescente decs

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