Análise de qualidade da atenção à criança na estratégia saúde da família: o óbito infantil evitável como referência

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Declaração de Alma-Ata trouxe a Atenção Primária à Saúde (APS) como o primeiro nível de atenção em saúde para indivíduos, família e comunidade, o qual considera o grupo infantil como prioritário. Diversas iniciativas deram bases para atenção integral à saúde da criança formalizada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). A Estratégia Saúde da Família (ESF) vem fortalecer essa atenção, instituindo novas formas de organização do trabalho e práticas profissionais que impactam nos seus indicadores de qualidade. Sendo um deles a mortalidade infantil, ao apresentar declínio de seus valores. Todavia, estudos indicam a persistência de óbitos infantis evitáveis. Em Natal RN, esta realidade também é perceptível, gerando inquietações rincipalmente, no espaço da produção dos serviços, o que motivou a realização do presente estudo com vistas a analisar de que modo os processos organizacionais e estruturais, bem como, a prática dos profissionais na ESF interferiram na qualidade da atenção à saúde das crianças que foram a óbito evitável no ano de 2007, no município de Natal-RN. Trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória e descritiva do tipo estudo de casos, que tomou como fontes primárias os ocumentos oficiais do MS; o prontuário da família, cartão da gestante, e da criança e os depoimentos obtidos a partir do instrumento de pesquisa elaborado com base na ficha de investigação de óbito infantil do MS, aplicado a 10 mães das crianças que foram a óbito evitável. Na análise recorreu-se a triangulação simultânea de métodos e fontes, permitindo uma maior aproximação das informações obtidas. Para elucidar os casos, os aspectos estudados foram analisados à luz do modelo explicativo dos Determinantes Sociais da Saúde. Dentre os aspectos individuais e familiares ressaltaram os relacionados à idade, escolaridade, hábitos e costumes familiares e condição econômica da mãe, além da idade gestacional, peso do neonato e doenças associadas, os quais não diferem da literatura sobre o tema. Quanto aos fatores organizacionais, estruturais e a prática dos profissionais, ressaltam-se o tratamento dispensado pelos profissionais, a territorialização e adscrição de áreas, a dificuldade de acesso aos serviços ou leitos e a referência e contra referência. Mas também, a ausência ou pouco acolhimento, a falta de comunicação, a pouca assiduidade e pontualidade dos profissionais no serviço, dentre outros. De maneira geral as mães consideraram o atendimento recebido no hospital bom e muito bom, opiniões que na Atenção Básica não foram tão favoráveis, apesar de que muitas das ações previstas nesse nível de atenção tenham sido realizadas nos casos estudados. Observa-se, portanto, que os determinantes sociais da saúde exercem forte influência na ocorrência dos óbitos infantis. Desse modo, torna-se fundamental a reflexão e a avaliação acerca da efetivação e eficácia dos processos de vigilância à saúde nas USF; o repensar sobre os determinantes sociais da saúde de forma ampliada e articulada à qualidade dos serviço, à educação permanente, à gestão em serviço, à atenção dispensada e à forma como se instala a participação popular e o controle social. Para os profissionais apresenta-se o grande desafio de rever a sua prática cotidiana, seus valores, comportamentos e compromissos, os quais devem orientar-se pela lógica do compartilhamento, do trabalho em equipe, da humanescência e alteridade e não apenas do cumprimento de um dever profissional

ASSUNTO(S)

enfermagem saúde da família óbito evitável saúde da criança family health strategy avoidable death childrens health attention

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