Análise de fatores relacionados à ocorrência de hipertensão intracraniana em crianças e adolescentes vítimas de traumatismo cranioencefálico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Objetivos: analisar a relação da ocorrência de hipertensão intracraniana (HIC) em crianças e adolescentes vítimas de traumatismo cranioencefálico (TCE) com a idade, pontuação na Escala de Coma de Glasgow (ECG) e na Escala de Trauma Pediátrico (ETP), presença de posturas anormais, lesões tomográficas, instabilidade hemodinâmica e lesões associadas. Avaliar complicações da monitoração da pressão intracraniana (PIC). Pacientes e métodos: Estudo coorte realizado entre setembro de 1998 a agosto de 2003. Incluídas crianças e adolescentes até 16 anos internados na UTI Pediátrica do Hospital João XXIII por TCE e submetidos à monitoração da PIC. As variáveis que apresentaram p <0,25 foram submetidas à análise multivariada com regressão logística. Foram consideradas significativas aquelas que permaneceram com o valor de p <0,05. Resultados: Cento e setenta e sete crianças foram incluídas, com idade entre dois meses e 16 anos, mediana de 9,7. A média na pontuação na ECG e na ETP foi de 6,82 (± 2,79) e 4,42 (± 2,89), respectivamente. Atropelamento ocorreu em 60,3% dos casos. Cento e trinta e quatro (75,7%) apresentaram HIC, e 77 (43,5%), HIC refratária. Quarenta e cinco pacientes foram classificados como tendo TCE moderado ou leve à admissão (pontuação >8 na ECG) e foram monitorados em razão de alteração tomográfica ou deterioração neurológica. Desses, HIC e HIC refratária ocorreram em 68,9% e 44,4%, respectivamente. Nenhum dos fatores estudados se correlacionou à maior freqüência desses eventos nesse grupo. Cento e trinta e dois pacientes apresentaram TCE grave (pontuação <9 na ECG), com 80,3% de HIC e 43,2% de HIC refratária. A análise multivariada mostrou que a menor idade foi um fator relacionado à maior ocorrência de HIC no grupo com TCE grave. A ocorrência de HIC refratária se relacionou com a presença de posturas anormais nos pacientes com TCE grave. A análise por regressão linear da relação entre idade e ocorrência de HIC mostrou que quanto menor a idade do paciente maior a ocorrência de HIC. Infecções do SNC ocorreram em 7,9% dos pacientes monitorados, e em 4,6%, dos não monitorados, sem diferença significativa (p=0,292). Nenhum paciente necessitou ser operado por complicação hemorrágica secundária à instalação da PIC. Conclusões: HIC e HIC refratária foram eventos muito freqüentes em crianças e adolescentes com TCE grave e com TCE moderado e leve seguidos de deterioração clínica; quanto menor a idade do paciente pediátrico com TCE grave, maior a chance de desenvolvimento de HIC; a presença de posturas anormais em pacientes pediátricos com TCE grave foi um fator associado à maior ocorrência de HIC refratária; as complicações da monitoração nesse grupo não tiveram importância clínica. Os critérios para monitoração da PIC em pediatria devem ser diferentes daqueles adotados para adultos.

ASSUNTO(S)

crianças cuidado e higiene. teses. recém-nascido decs pressão intracraniana decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. ufmg criança decs crianças ferimentos e lesões teses. lactente decs pediatria teses. traumatismos cerebrais decs traumatismos craniocerebrais decs dissertações acadêmicas decs adolescente decs

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