Análise de espécies crípticas do complexo Anastrepha fraterculus (Díptera: Tephritidae) no Brasil através de sequências do gene mitocondrial cytochrome oxidase I / Analyses of the Anastrepha fraterculus complex (Diptera: Tephritidae) in Brazil based on mitochondrial cytochrome oxidase I sequences

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/08/2012

RESUMO

A família Tephritidae congrega várias espécies de moscas-das-frutas que utilizam frutos como substrato alimentar no estágio larval, adquirindo o status de inseto-praga quando esses frutos são de valor comercial. O gênero Anastrepha é endêmico do Continente Americano e compreende cerca de 212 espécies descritas, das quais 109 ocorrem no Brasil. A espécie nominal Anastrepha fraterculus representa um complexo de espécies crípticas e se encontra distribuída pela Região Neotropical e sul dos Estados Unidos. No Brasil, através do estudo de diversas características biológicas e do marcador molecular ITS-1 (espaçador ribossômico nuclear), identificou-se a existência de três espécies crípticas no complexo fraterculus, a Anastrepha sp.1 affinis fraterculus, A. sp.2 aff. fraterculus e A. sp.3 aff. fraterculus. Marcadores gênicos presentes no DNA mitocondrial, como o gene cytochrome oxidase I (COI), são ferramentas amplamente utilizadas em análises filogenéticas, pois esta molécula apresenta características distintas do DNA nuclear, como o fato de possuir herança predominantemente materna, apresentar ausência ou baixíssima taxa de recombinação na maioria dos táxons, além de altas taxas mutacionais. Estas características possibilitam a obtenção de dados importantes na interpretação das relações entre as espécies. Amostras do complexo fraterculus (A. sp.1, A. sp.2, A. sp.3) de 14 localidades (média de 5 indivíduos / localidade) no sudeste do Brasil, uma amostra de A sp.4 do Equador e dois grupos externos (A. grandis e A. striata) foram utilizados. Fragmentos de 1139bp do gene COI foram amplificados e sequenciados, 45 haplótipos foram identificados: 30 em A. sp.1, 5 em A. sp.2 e 17 em A. sp.3. A distância média entre as espécies foi de 0,021 e o Fst médio foi 0,347 indicando estruturação populacional muito alta e pequena distância entre os haplótipos, que não apresentaram diferenças fixadas entre as espécies. Os testes de desvio de neutralidade apresentaram valores significativamente negativos. Os testes de seleção evidenciaram a atuação de seleção purificadora com baixos valores de Ka/Ks e significância no Z-teste de seleção. A análise filogenética mostrou fortes evidências de introgressão e não separou as diferentes entidades em clados distintos. Houve a formação de dois ramos principais, um constituído quase que exclusivamente por amostras de A. sp.1, e apenas duas amostras de A. sp.3, e outro que reuniu todas as espécies do complexo. Os dois principais grupos de haplótipos também foram visualizados na rede de haplótipos que mostrou indícios de expansão populacional. Quando somado ao estudo sequências depositadas em bancos de dados por outros autores, a espécie nominal A. fraterculus apresentou em sua distribuição 5 grupos de haplótipos mitocondriais. Dois deles ocorrem no Brasil, um com amostras do México e Costa Rica, um na Guatemala e Venezuela (baixa latitude) e um com indivíduos da Colômbia e Venezuela (alta latitude), sendo que os grupos Brasileiros também reuniram amostras da Argentina e do Equador. Assim, as sequências de COI não permitem a caracterização das entidades do complexo fraterculus apesar de indicar a estruturação populacional e a hipótese mais provável é a de que tenha havido introgressão da molécula mitocondrial entre as espécies do complexo com posterior expansão

ASSUNTO(S)

cryptic species espécies crípticas fruit fly mosca-das-frutas mtcoi mtcoi

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