Análise de efeitos indesejáveis do reforço positivo

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/11/2010

RESUMO

O controle positivo do comportamento exerce um papel central na constituição do corpo teórico da Análise do Comportamento. Na literatura comportamental, encontramos muitos estudos que discutem os efeitos desejáveis do reforço positivo. Por outro lado, muito pouco se discute a respeito de seus possíveis subprodutos indesejáveis. A teoria do reforço positivo fundamenta, de modo geral, as intervenções conduzidas pelos analistas do comportamento. Se o objetivo do analista do comportamento é, além de prever, controlar o comportamento, então, defende-se que é pertinente conhecermos o maior número possível de efeitos, que possam ser produzidos pelo tipo de controle que usamos em nossas intervenções. A presente pesquisa tem como objetivo levantar e analisar possíveis efeitos indesejáveis do reforço positivo. Para isso, foram conduzidos dois estudos: Estudo I – Descrição das principais posições de B. F. Skinner sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo; Estudo II – Descrição de estudos no campo da Análise do Comportamento que apresentam discussões a respeito dos efeitos indesejáveis do reforço positivo. No primeiro estudo foram selecionados textos nos quais Skinner abordava questões referentes à definição, aplicação e efeitos das contingências de reforçamento positivo. As informações encontradas nesses textos foram organizadas em quatro temas: 1) a evolução do comportamento; 2) limites encontrados no processo de variação e de seleção; 3) seleção da suscetibilidade às conseqüências naturais e às conseqüências reforçadoras; 4) o sistema ético skinneriano e a sobrevivência das culturas. No segundo estudo, foi realizado um levantamento bibliográfico, a fim de se verificar as posições de outros analistas do comportamento (além de Skinner) sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de: a) levantamento em quatro bases de dados do Portal de Periódicos da CAPES através do cruzamento de palavras-chave; b) levantamento de estudos através da referência bibliográfica de três textos que apresentaram discussões relevantes a respeito dos efeitos indesejáveis do reforço positivo; c) levantamento de estudos na coleção „Sobre Comportamento e Cognição‟, em grupos de estudos cadastrados nos diretórios do CNPq e no banco de teses e dissertações do Portal de Periódicos da CAPES. As informações obtidas no estudo II foram organizadas em quatro tópicos: 1) posições de Perone (2003); 2) posições de Balsam e Bondy (1983); 3) principais efeitos indesejáveis do reforço positivo encontrados nos textos selecionados; 4) debate entre Epstein (1985) e Balsam e Bondy (1985) sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo. Os resultados da busca bibliográfica mostraram que os efeitos indesejáveis do reforço positivo, examinados por Skinner, são muito pouco discutidos na literatura comportamental. Verificou-se que, dos 26 textos recuperados, apenas quatro apresentavam quase que exclusivamente, discussões sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo Os demais textos apenas citavam a possibilidade de ocorrência de tais efeitos, mas tinham como objetivo principal discutir outros temas. Além disso, foram constatadas diferenças importantes entre os efeitos indesejáveis do reforço positivo discutidos por Skinner, descritos no estudo I, e os efeitos indesejáveis encontrados no estudo II. Após análise das posições de Skinner, observou-se que o autor demonstra uma preocupação com toda a teoria do reforço positivo, principalmente em relação à suscetibilidade evoluída ao reforço positivo e às conseqüências imediatas. Já nos textos levantados no estudo II, verificou-se que os autores apresentam preocupações mais relacionadas aos efeitos indiretos da aplicação de procedimentos de reforço positivo. No entanto, também foram observadas algumas semelhanças nos resultados dos dois estudos. Foi observado que os autores, nos dois estudos, mostraram que alguns efeitos indesejáveis do reforço positivo são produzidos pelo próprio estímulo (e não pelo uso inadequado do procedimento) como o imediatismo e efeitos emocionais. Também, nos dois estudos, os autores descrevem implicações dos efeitos indesejáveis do reforço positivo para alguns problemas sociais, que se mantém na atualidade, como por exemplo, o controle abusivo que pode ser imposto por certos governos e por outras agências de controle. Discute-se, nesta pesquisa, a complexidade envolvida em qualquer tipo de controle comportamental e que o uso do reforço positivo, não é um procedimento simples para que o cuidado e os estudos relativos aos seus efeitos sejam negligenciados. Por isso, defende-se que devemos compreender não somente os efeitos diretos do reforço positivo (a frequência da resposta), mas olhar além, procurando compreender seus efeitos indiretos, sejam eles desejáveis ou indesejáveis.

ASSUNTO(S)

comportamento - análise reforço (psicologia) comportamento - controle (psicologia) behavior analysis reinforcement (psychology)

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