Análise da espacialização dos homicídios na cidade de Uberlândia/MG

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este estudo aborda as ocorrências de homicídios na cidade de Uberlândia (MG), no período de 2000 a 2003. A pesquisa apresenta a discussão sobre a violência e a criminalidade em diversas áreas do conhecimento científico: na Geografia, na Antropologia, na Sociologia e na Saúde Pública. Durante o estudo, foram feitos os seguintes procedimentos metodológicos: 1) Levantamento e revisão bibliográficos; 2) Levantamento de informações sobre grupos de pesquisa voltados à temática da violência; 3) Levantamento dos trabalhos sobre violência apresentados em eventos científicos de Geografia; 4) Levantamento de teses e dissertações sobre violência, defendidas em Programas de Pós-Graduação em Geografia; 5) Coleta de dados em instituições governamentais; 6) Seleção das variáveis a serem estudadas (econômicas, sociais e criminais, relacionadas aos homicídios); 7) Escolha das instituições nas quais seriam coletadas as informações; 8) Análise de reportagens do Jornal Correio sobre segurança e violência em Uberlândia; 9) Entrevistas com moradores e com agentes do Posto Integrado de Segurança Pública, Justiça e Cidadania (PISC); 10) Sistematização dos dados em forma de gráficos, tabelas, quadros e mapas, e análise dos mesmos. Para analisar o perfil da vítima, bem como o espaço geográfico de ocorrência e as circunstâncias nas quais se deu o evento foram selecionadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, cor da pele, estado civil, local de ocorrência da morte, local de ocorrência do evento, meio utilizado (instrumento) para produzir o homicídio, dia da semana, horário da ocorrência, presença de tráfico e uso de drogas nos bairros da cidade. Também foram realizadas comparações entre os homicídios e duas variáveis sócio-econômicas, a saber: renda e escolaridade. Os resultados alcançados na análise dos homicídios em Uberlândia foram os seguintes: 90% das vítimas eram do sexo masculino; 37% tinham idade entre 20 a 29 anos; 64% eram de cor branca, 62% eram solteiros; 39% morreram em hospitais; 60% dos homicídios foram praticados utilizando-se armas de fogo; a maioria das ocorrências (22%) se deu no domingo; 32% dos eventos homicidas foram registrados no intervalo de tempo das 18h01min às 00h00min. Praticamente todas as ocorrências relacionadas ao tráfico e uso de drogas se deram no Setor Central, com exceção dos registros de menores presos por tráfico, cuja ocorrência mais elevada foi observada no Setor Leste da cidade. Constatou-se que alguns dos homicídios tiveram a droga como fator predisponente. Com relação à renda e à escolaridade, verificou-se que 56% dos habitantes de Uberlândia recebiam entre 1 e 3 salários mínimos e que 30% possuíam apenas o Ensino Fundamental. Observou-se que na maioria dos bairros com maior poder aquisitivo e com elevado nível de escolaridade (Ensino Superior) não houve ocorrência de homicídios. Por outro lado, nos bairros de baixa escolaridade e renda, foram registradas ocorrências, porém de baixa intensidade. Constatou-se que em 38% dos bairros de Uberlândia, a taxa de homicídios identificada foi de 1 a 38/100.000 habitantes. Considera-se, portanto, que a situação dos homicídios na cidade de Uberlândia é uma questão que precisa de maior atenção por parte do Poder Público e das instituições de segurança locais, pois as conseqüências que tais eventos têm trazido para a população são indizíveis.

ASSUNTO(S)

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