Análise comparativa das características do trauma entre pacientes idosos e não idosos
AUTOR(ES)
Parreira, José Gustavo, Soldá, Silvia C, Perlingeiro, Jaqueline A. Giannini, Padovese, Camila C, Karakhanian, Walter Z, Assef, José Cesar
FONTE
Revista da Associação Médica Brasileira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
OBJETIVO: Definir as características do trauma em idosos pela comparação de variáveis entre este grupo e o de traumatizados não idosos. MÉTODOS: Realizamos uma análise dos protocolos coletados no período de 10 de junho de 2008 a 9 de março de 2009, incluindo todos os traumatizados atendidos com idade superior a 13 anos. Foram coletados dados de identificação, mecanismo de trauma, informações do pré-hospitalar, dados vitais à admissão, índices de trauma, exames complementares, doenças associadas, lesões diagnosticadas e tratamento. Os traumatizados com idade superior a 60 anos foram considerados idosos. Para a identificação das características do trauma em idosos, comparamos as variáveis entre este grupo (Grupo I) e os traumatizados não idosos (Grupo II). Foram empregados os testes T de Student, Qui quadrado e Fisher para a comparação entre os grupos, considerando o valor de p<0,05 como significativo. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 2075 vítimas de trauma, sendo 77,1% do sexo masculino. Duzentos e onze doentes (10,2%) tinham idade superior a 60 anos (Grupo I). Os idosos foram mais frequentemente vítimas de queda da própria altura (41%) e atropelamento (28,6%), enquanto, no Grupo II, predominaram os acidentes com motocicletas (28%) (p<0,001). Os idosos apresentaram maior frequência de doenças associadas, sendo as principais a hipertensão arterial sistêmica (13,7% vs. 1,1%) e o diabetes mellitus (4,7% vs. 0,3%). As lesões em extremidades foram encontradas em 106 doentes do Grupo I (50,2%), sendo fraturas em 38 casos (18%). Em comparação com os demais traumatizados, os idosos se caracterizaram por apresentar maior média de AIS no segmento cefálico (0,75 + 1,17 vs. 0,54 + 1,04) (p=0,014) e menor média de AIS no tórax (0,15 + 0,62 vs. 0,26 + 0,86) (p=0,018) e no abdome (0,05 + 0,43 vs. 0,21 + 0,82) (p<0,001). No Grupo I, notou-se também maior frequência de lesões graves (AIS > 3) no segmento cefálico (11,4% vs. 7%) (p=0,023) e menor frequência de lesões graves no abdome (1,4% vs. 4,3 %) (p=0,025). Algumas lesões foram significativamente mais frequentes nos idosos, como os hematomas subdurais (2,8% vs. 0,8%) (p=0,008), as hemorragias subaracnóideas (3,8% vs. 1,3%) (p=0,005) e as contusões cerebrais (5,2% vs. 2,3%) (p=0,015) quando comparados aos demais traumatizados. CONCLUSÃO: Em comparação aos traumatizados não idosos, os idosos apresentaram as seguintes características: maior frequência de quedas da própria altura, de doenças associadas e de lesões graves intracranianas, incluindo os hematomas subdurais, as contusões cerebrais e as hemorragias em espaço subaracnoide.
ASSUNTO(S)
traumatismo múltiplo idoso acidentes por quedas mortalidade
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