Análise comparativa das características do trauma entre pacientes idosos e não idosos

AUTOR(ES)
FONTE

Revista da Associação Médica Brasileira

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

OBJETIVO: Definir as características do trauma em idosos pela comparação de variáveis entre este grupo e o de traumatizados não idosos. MÉTODOS: Realizamos uma análise dos protocolos coletados no período de 10 de junho de 2008 a 9 de março de 2009, incluindo todos os traumatizados atendidos com idade superior a 13 anos. Foram coletados dados de identificação, mecanismo de trauma, informações do pré-hospitalar, dados vitais à admissão, índices de trauma, exames complementares, doenças associadas, lesões diagnosticadas e tratamento. Os traumatizados com idade superior a 60 anos foram considerados idosos. Para a identificação das características do trauma em idosos, comparamos as variáveis entre este grupo (Grupo I) e os traumatizados não idosos (Grupo II). Foram empregados os testes T de Student, Qui quadrado e Fisher para a comparação entre os grupos, considerando o valor de p<0,05 como significativo. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 2075 vítimas de trauma, sendo 77,1% do sexo masculino. Duzentos e onze doentes (10,2%) tinham idade superior a 60 anos (Grupo I). Os idosos foram mais frequentemente vítimas de queda da própria altura (41%) e atropelamento (28,6%), enquanto, no Grupo II, predominaram os acidentes com motocicletas (28%) (p<0,001). Os idosos apresentaram maior frequência de doenças associadas, sendo as principais a hipertensão arterial sistêmica (13,7% vs. 1,1%) e o diabetes mellitus (4,7% vs. 0,3%). As lesões em extremidades foram encontradas em 106 doentes do Grupo I (50,2%), sendo fraturas em 38 casos (18%). Em comparação com os demais traumatizados, os idosos se caracterizaram por apresentar maior média de AIS no segmento cefálico (0,75 + 1,17 vs. 0,54 + 1,04) (p=0,014) e menor média de AIS no tórax (0,15 + 0,62 vs. 0,26 + 0,86) (p=0,018) e no abdome (0,05 + 0,43 vs. 0,21 + 0,82) (p<0,001). No Grupo I, notou-se também maior frequência de lesões graves (AIS > 3) no segmento cefálico (11,4% vs. 7%) (p=0,023) e menor frequência de lesões graves no abdome (1,4% vs. 4,3 %) (p=0,025). Algumas lesões foram significativamente mais frequentes nos idosos, como os hematomas subdurais (2,8% vs. 0,8%) (p=0,008), as hemorragias subaracnóideas (3,8% vs. 1,3%) (p=0,005) e as contusões cerebrais (5,2% vs. 2,3%) (p=0,015) quando comparados aos demais traumatizados. CONCLUSÃO: Em comparação aos traumatizados não idosos, os idosos apresentaram as seguintes características: maior frequência de quedas da própria altura, de doenças associadas e de lesões graves intracranianas, incluindo os hematomas subdurais, as contusões cerebrais e as hemorragias em espaço subaracnoide.

ASSUNTO(S)

traumatismo múltiplo idoso acidentes por quedas mortalidade

Documentos Relacionados