Analgesia pós-operatória em recém-nascidos: um estudo clinico randomizado, controlado do uso de fentanil versus tramadol. / Postoperative analgesia in newborn infants: a randomized controlled clinical trial of fentanyl versus tramadol.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Introdução: Existem poucas opções de analgésicos seguros e efetivos para o uso em recémnascidos. O fentanil é um opióide largamente administrado em recém-nascidos gravemente doentes, porém seus efeitos colaterais são fontes de preocupação para os neonatologistas. O tramadol, por sua vez, é um opióide fraco e estudos clínicos em adultos mostram menos efeitos colaterais respiratórios, cardiovasculares e gastrintestinais quando comparado a outros opióides. Objetivos: Comparar a eficácia do tramadol versus o fentanil no período pós-operatório de recém-nascidos submetidos à cirurgia com respeito ao alívio da dor, duração da ventilação mecânica e tempo para atingir alimentação enteral plena. Método: Ensaio clínico controlado e cego de 160 recém-nascidos randomizados para receber analgesia nas primeiras 72 horas de pós-operatório com fentanil (1-2mcg/kg/h EV) ou tramadol (0,1-0,2 mg/kg/h EV), estratificado por porte cirúrgico e por sexo do paciente, Foram incluídos neonatos entre 1 a 28 dias de vida submetidos à cirurgia de médio ou grande porte, após consentimento dos pais. Foram excluídos aqueles que morreram ou foram reoperados até 72 horas de pós-operatório e aqueles com sepse comprovada antes da cirurgia, anomalias cromossômicas ou genitália ambígua. A avaliação da dor foi feita por escalas validadas (CRIES e NFCS). A evolução das escalas de dor foi feita por ANOVA para medidas repetidas ajustada para variáveis de confusão para o escore de dor e por modelo de equações de estimação generalizada para a presença de dor. Para análise do tempo de permanência em ventilação mecânica e tempo para atingir alimentação enteral plena nos recém-nascidos estratificados pelo porte cirúrgico aplicou-se a curva de Kaplan-Meier ajustada pelo modelo de regressão de Cox de riscos proporcionais. Resultados: Dos 201 recém-nascidos admitidos entre julho/2006 e junho/2008, 41 preencheram critérios de exclusão. Os recém-nascidos incluídos tinham peso de nascimento 2924+702g, idade gestacional de 37,6+2,2 semanas e idade à ocasião da cirurgia 199+163 horas. As doenças de base que indicaram o procedimento cirúrgico foram malformações gastrintestinais em 85 (53%), seguidas por malformações do sistema nervoso em 34 (21%). À admissão no centro cirúrgico, a avaliação da gravidade pelo critério ASA mostrou 28 (18%) pacientes com ASA I, 80 (50%) com ASA II, 47 (29%) com ASA III e 5 (3%) com ASA IV ou V. Quanto aos desfechos primários, não houve diferença significante do fentanil em relação ao tramadol quanto ao alívio da dor, tempo de permanência em ventilação mecânica por traqueal e tempo para atingir alimentação enteral plena. Os grupos foram semelhantes, no decorrer das 72h de pós-operatório quanto a: pressão arterial, freqüência cardíaca, temperatura corporal, glicemia capilar, gasometria no pós-operatório imediato, íleo, vômitos, convulsões e óbitos. Houve necessidade, no grupo que usou tramadol, de aumento da dose do analgésico e associação com midazolam nas cirurgias de grande porte. Conclusão: O uso do tramadol para o alívio da dor no pós-operatório de recém-nascidos não mostrou mais benefícios do que o fentanil.

ASSUNTO(S)

1. recém-nascido. 2. dor. 3. tramadol. 4. fentanila. 5. analgésicos opióides. 6. dor pós-operatória. 7. cuidados pós-operatórios pediatria

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