An always current relationship: Michel Foucaults recalcitrant liberty / Uma relação sempre atual: a liberdade recalcitrante de Michel Foucault

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A presente tese parte da afirmação reiterada e desconcertante desse filósofo francês de que ele não seria, de modo algum, um "teórico do poder", para mostrar que, para além das discussões em torno de se o primeiro Foucault (da arqueologia dos saberes), o segundo (da genealogia do poder), ou o terceiro (da ética e das condutas individuas), seria o mais importante, o "melhor", é possível falar numa unidade no que diz respeito à trajetória do seu pensamento e que essa unidade se dá em torno das relações políticas entre os homens, o que faz com que ele seja, eminentemente, um pensador da política, ou melhor, do político. Só que a política tal qual ele a entende não tem nada a ver com a aquela dos teóricos da política ou do poder e, sim, com a relação que ele passou a perseguir em um determinado momento dessa trajetória: a relação entre governantes e governados. Essa relação, cuja percepção se tornou possível por meio do conceito de governamentalidade, gestado no ano de 1978, constitui-se numa nova "grade de leitura" para a política, que permite: 1) dar um basta à idéia de que haja, nesse âmbito, modelos universais que possam dar respostas a todos os tipos de questões--modelos esses que legitimam a existência de "intelectuais universais", incumbidos de conceber esses modelos e apresentá-los aos "explorados" e "ignorantes", prometendo-lhes a sua libertação, bem como da "vida política" nas atuais democracias representativas--; 2) conceber uma noção de liberdade--enquanto uma relação entre governantes e governados que não possui limites a priori--que escapa à da tradição liberal que, gestada nos séculos XVII-XVIII, se tornou hegemônica no Ocidente a partir do século XIX, não só no plano discursivo, mas enquanto realidade sócio-econômica global. Onde quer que existam essas relações--e elas sempre existirão, para Foucault, do micro ao macro--é necessário que seja possível, sempre, pô-las sob questão; o que só acontece quando o pensamento é deixado solto para ser capaz de levantar o maior número de conflitos possível--e não de consensos--; para, crítico, apontar o maior número de problemas a serem resolvidos dentro do âmbito dessas. Algumas dessas relações irão, então, se sustentar, conseguir se justificar; outras, não, terão que ser revistas, num interminável trabalho de extensão dos limites da liberdade humana. Essa nova noção de liberdade, por sua vez, traz consigo a possibilidade de interrogação do fenômeno da subjetividade, na medida em que são sujeitos, sempre, os que participam dessas relações entre governantes e governados. Por isso, o presente trabalho se esforça em mostrar percursos intelectuais que, tendo sido percebidos e diretamente abordados por Foucault (caso de Kant e de Platão) ou não (segunda clínica lacaniana e perspectivismo ameríndio), mantêm, na ênfase que dão ao sujeito, uma visada em comum com a empreitada foucaultiana.

ASSUNTO(S)

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