Amplitude e recuperação da velocidade do relaxamento induzida pelo reflexo inibitório retoanal e sua importância na evacuação obstrutiva

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2005-03

RESUMO

RACIONAL: A constipação intestinal é queixa muito freqüente, sendo o motivo de grande número de consultas médicas. No entanto, apesar dos avanços na compreensão da fisiologia anorretocólica, ainda representa problema clínico de difícil solução. OBJETIVO: Identificar possível correlação entre dados fisiológicos presentes no reflexo inibitório retoanal e a constipação intestinal por evacuação obstruída. MATERIAL E MÉTODOS: Foram selecionados 69 exames de pacientes, submetidos previamente a manometria anorretal no Laboratório de Fisiologia Anorretal da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. Destes, após serem aplicados os critérios de exclusão e inclusão, foram selecionados 29 pacientes com constipação intestinal por evacuação obstruída, sendo 27 do sexo feminino e média de idade de 42,3 (19-73) anos. Da mesma forma, foram selecionados 13 indivíduos sem queixas funcionais anorretais, sendo 8 do sexo feminino, com média de idade de 52,5 (28-73) anos. No reflexo inibitório retoanal foi analisada a pressão anal de repouso média, o ponto de máximo relaxamento e a velocidade de recuperação até atingir a pressão basal, todos nos níveis proximal e distal do canal anal. A seguir foi realizado o estudo comparativo entre esses dados. RESULTADOS: O valor médio da pressão anal de repouso média pré-indução do reflexo inibitório retoanal no nível proximal foi, nos pacientes constipados, de 61,8 mm Hg e no nível distal, 81,7 mm Hg, enquanto que nos assintomáticos encontraram-se 46,0 mm Hg e 64,5 mm Hg, respectivamente, para os níveis proximal e distal. A média da pressão no ponto de máximo relaxamento nos pacientes constipados foi 29,0 mm Hg no nível proximal do canal anal e 52,1 mm Hg no nível distal, enquanto que no grupo de assintomáticos foi 17,8 mm Hg e 36,3 mm Hg, respectivamente, no canal anal proximal e no distal. A média da diferença percentual entre a pressão anal de repouso média e a pressão no ponto de máximo relaxamento no nível proximal, que indicou a amplitude do relaxamento, foi 54,1 % nos constipados e 54,3% nos assintomáticos. No nível distal, a média da diferença foi 35,6% nos constipados e 38,5% no grupo-controle. A média da velocidade de recuperação no nível proximal foi 4,06 mm/seg. nos constipados e 2,98 mm/seg nos assintomáticos, sendo a diferença entre as duas estatisticamente significativa. A média da velocidade de recuperação no grupo de constipados no nível distal do canal anal foi 3,9 mm/seg. e 2,98 mm/seg. nos normais, sendo a diferença entre as duas também significativa do ponto de vista estatístico. CONCLUSÃO: A amplitude de relaxamento, apesar de ser maior no canal anal proximal tanto em constipados, como em controles normais, não parece ter participação no mecanismo da evacuação obstruída. A maior velocidade de recuperação da pressão de repouso em nível proximal em constipados do que em controles normais pode estar associada à condição de evacuação obstruída, uma vez que o canal anal tenderá mais rapidamente ao fechamento na sua porção proximal e, portanto, a maior dificuldade de iniciar a evacuação.

ASSUNTO(S)

constipação defecação Ânus

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