Amplitude e recuperação da velocidade do relaxamento induzida pelo reflexo inibitório retoanal e sua importância na evacuação obstrutiva
AUTOR(ES)
Netinho, João Gomes, Ayrizono, Maria de Lourdes Setsuko, Coy, Cláudio Saddy Rodrigues, Fagundes, João José, Góes, Juvenal Ricardo Navarro
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005-03
RESUMO
RACIONAL: A constipação intestinal é queixa muito freqüente, sendo o motivo de grande número de consultas médicas. No entanto, apesar dos avanços na compreensão da fisiologia anorretocólica, ainda representa problema clínico de difícil solução. OBJETIVO: Identificar possível correlação entre dados fisiológicos presentes no reflexo inibitório retoanal e a constipação intestinal por evacuação obstruída. MATERIAL E MÉTODOS: Foram selecionados 69 exames de pacientes, submetidos previamente a manometria anorretal no Laboratório de Fisiologia Anorretal da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. Destes, após serem aplicados os critérios de exclusão e inclusão, foram selecionados 29 pacientes com constipação intestinal por evacuação obstruída, sendo 27 do sexo feminino e média de idade de 42,3 (19-73) anos. Da mesma forma, foram selecionados 13 indivíduos sem queixas funcionais anorretais, sendo 8 do sexo feminino, com média de idade de 52,5 (28-73) anos. No reflexo inibitório retoanal foi analisada a pressão anal de repouso média, o ponto de máximo relaxamento e a velocidade de recuperação até atingir a pressão basal, todos nos níveis proximal e distal do canal anal. A seguir foi realizado o estudo comparativo entre esses dados. RESULTADOS: O valor médio da pressão anal de repouso média pré-indução do reflexo inibitório retoanal no nível proximal foi, nos pacientes constipados, de 61,8 mm Hg e no nível distal, 81,7 mm Hg, enquanto que nos assintomáticos encontraram-se 46,0 mm Hg e 64,5 mm Hg, respectivamente, para os níveis proximal e distal. A média da pressão no ponto de máximo relaxamento nos pacientes constipados foi 29,0 mm Hg no nível proximal do canal anal e 52,1 mm Hg no nível distal, enquanto que no grupo de assintomáticos foi 17,8 mm Hg e 36,3 mm Hg, respectivamente, no canal anal proximal e no distal. A média da diferença percentual entre a pressão anal de repouso média e a pressão no ponto de máximo relaxamento no nível proximal, que indicou a amplitude do relaxamento, foi 54,1 % nos constipados e 54,3% nos assintomáticos. No nível distal, a média da diferença foi 35,6% nos constipados e 38,5% no grupo-controle. A média da velocidade de recuperação no nível proximal foi 4,06 mm/seg. nos constipados e 2,98 mm/seg nos assintomáticos, sendo a diferença entre as duas estatisticamente significativa. A média da velocidade de recuperação no grupo de constipados no nível distal do canal anal foi 3,9 mm/seg. e 2,98 mm/seg. nos normais, sendo a diferença entre as duas também significativa do ponto de vista estatístico. CONCLUSÃO: A amplitude de relaxamento, apesar de ser maior no canal anal proximal tanto em constipados, como em controles normais, não parece ter participação no mecanismo da evacuação obstruída. A maior velocidade de recuperação da pressão de repouso em nível proximal em constipados do que em controles normais pode estar associada à condição de evacuação obstruída, uma vez que o canal anal tenderá mais rapidamente ao fechamento na sua porção proximal e, portanto, a maior dificuldade de iniciar a evacuação.
ASSUNTO(S)
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