Alterocupar-se: obliquação e transicionalidade na experiência literária

AUTOR(ES)
FONTE

Estud. Lit. Bras. Contemp.

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/06/2019

RESUMO

Resumo O artigo busca desenvolver a noção de obliquação e entender por que a experiência literária parece ser o seu lugar privilegiado, por meio de um movimento duplo, mas conjugado. Em primeiro lugar, trata-se de pensar, através de uma leitura transversal da teoria da enunciação, a obliquação como condição fundamental da reflexividade - que seria, para fazer uso de um jogo de palavras, um reflexo à obliquação. Assim, se em seu curso sobre A hermenêutica do sujeito, Foucault se propunha realizar “uma analítica das formas da reflexividade, na medida em que são elas que constituem o sujeito como tal”, a nosso ver, tal exercício ainda precisa ser complementado por uma ontologia dos modos de obliquação, entre os quais está a experiência literária aqui analisada. Em segundo, levando isso ao paroxismo, tentaremos argumentar, fazendo um livre uso do conceito de objetos transicionais, que a obliquação precede e até mesmo possibilita a ocupação do próprio lugar, ou seja, de que há um privilégio ontológico da ficção, do outrar-se, sobre a própria subjetividade.Abstract This article aims at developing the notion of obliquation, as well as understanding why literary experience seems to be its place of privilege, by means of a double, albeit conjoined, movement. First, it is a matter of thinking of obliquation, through a transversal reading of the theory of enunciation, as a fundamental condition of reflexivity. Therefore, if in his course on The Hermeneutics of the Subject, Foucault proposes an “analytics of the forms of reflexivity, inasmuch as it is the forms of reflexivity that constitute the subject as such,” in our opinion, such an exercise still needs to be complemented by an ontology of the modes of obliquation, including the literary experience analyzed here. Second, elevating the oblique to a paroxysm, we will try to argue, making free use of the concept of transitional objects, that obliquity precedes and even enables the occupation of one’s own place, i.e., that there is an ontological privilege of fiction, of othering, over one’s own subjectivity.

Documentos Relacionados