Alterações respiratorias em trabalhadores expostos a poeiras de abrasivos de tipo corindo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivos, o estudo clínico e epidemiológico de trabalhadores expostos a poeira de abrasivo de tipo corindo (óxidos de alumínio com variados teores de contaminação por sílica livre e outros metais), em dois tipos de situação ocupacional: fabricação do corindo na forma de pó e reciclagem de rebolos usados. A literatura científica referente aos efeitos adversos do alumínio nos pulmões foi revista. Utilizaram-se dois de tipos de abordagem de investigação: a) estudo de 5 casos clínicos de pacientes que trabalharam em processo de reciclagem e, b) estudo epidemiológico de tipo transversal em população de 303 trabalhadores em processo de fabricação do mesmo material. No estudo clínico realizou-se radiografia de tórax, provas de função pulmonar, cintilografia com 67Ga, e exame histopatológico de tecido ganglionar de um dos casos. Analisou-se a poeira em suspensão no ambiente de trabalho de reciclagem. No estudo epidemiológico, foram realizados: radiografias de tórax, lidas e classificadas segundo ILO, versão 1980; provas espirométricas no local de trabalho com aparelho portátil Vitalograph spirometer, analisando-se CVF, VEFl e FEF25-75; questionário padronizado de sintomas respiratórios~ anamnese ocupacional detalhada e avaliação desarmada dos ambientes de trabalho. Para estimar tempo de exposição a poeira utilizou-se variável corrigida por fator de ponderação conforme grau de risco inalatório atribuído a cada setor de trabalho na empresa. Diagnosticou-se, nas duas populações estudadas, casos de pneumoconiose em estágios clínicos diferentes. Entre os pacientes da empresa de reciclagem, onde a exposição é muito intensa, encontraram-se casos de pneumopatia de progressão rápida, de manifestação após reduzido tempo de exposição (2 a 3 anos), pneumotóraces recorrentes, e uma morte por insuficiência respiratória após 3 anos de evolução. A análise de tecido ganglionar em um dos casos mostrou elevado grau de histiocitose com material cristalóide entremeado, e ausência de fibrose, compatível com quadro de pneumoconiose de curso acelerado secundária a exposição a altos teores de sílica livre. Poeira em suspensão nesse ambiente mostrou teores de Ah03 de cerca de 91,2% e SiO2 de 4,6%. Apesar do baixo percentual, a concentração de SiO2 ultrapassou em 54 vezes o L T. O estudo epidemiológico na fábrica de corindo mostrou prevalência de pneumoconiose entre expostos de 8,5% (IC=5,61-12,72), com tempo de exposição médio de 12,2 anos (DP=6,1). O setor da empresa considerado de maior risco foi o de moagem e seleção (peneiramento) do material (69,4% dos casos). Alterações radiológicas encontradas foram do tipo pequenas opacidades regulares, e ausência de pneumotórax espontâneo. A CVF e VEFl mostraram-se significativamente diminuídos entre os casos com pneumoconiose quando comparados com os não Expostos (p=0,0I4 e p=0,00I, respectivamente).O VEFl mostrou-se significativamente menor entre os expostos quando comparados com não expostos (p=0,008), indicando provável efeito obstrutivo secundário a exposição a poeiras de corindo. Na ausência de estudo histopatológico de tecido pulmonar dos casos apresentados, sugere-se denominar o acometimento pulmonar diagnosticado nos dois ambientes de "pneumoconiose por poeira mista de óxido de alumínio e sílica livre". Existe necessidade de estudo prospectivo no sentido de melhor avaliar aparente perda de volumes pulmonares detectada neste estudo, e acompanhar evolução radiológica e funcional dos casos diagnosticados

ASSUNTO(S)

aluminio doenças profissionais pneumoconiose oxidos metalicos

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