Alterações imunológicas no sangue periférico de cães submetidos à imunoprofilaxia para leishmaniose visceral canina.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A leishmaniose visceral causada por Leishmania chagasi representa, no âmbito da interação parasito-hospedeiro, uma cadeia composta pela tríade homem-vetor-cão, na qual, os canídeos representam papel relevante, como reservatórios no elo da transmissão para o homem. Nesse contexto, a imunoprofilaxia vacinal aplicada em cães por meio de dois imunobiológicos: LEISHVACIN (antígeno bruto de promastigotas L. amazonensis associado ao BCG) e LEISHMUNE (antígeno fucose-manose-ligante-FML associado à saponina) apresentam-se como importante medida de controle da infecção através do estabelecimento de mecanismos imunoprotetores. Embora eventos imunológicos distintos pareçam estar envolvidos no processo de imunização com a LEISHVACIN e LEISHMUNE, os resultados apresentados até o momento foram gerados através de protocolos experimentais não pareados, o que não permite uma comparação cientificamente fundamentada. Assim, este estudo se propôs caracterizar por meio de um protocolo unificado, os aspectos imunológicos associados à imunoprofilaxia com esses imunbiológicos selecionados. Para tal, dois grupos de doze cães da raça Pastor Alemão foram imunizados com três doses da LEISHVACIN ou LEISHMUNE, em intervalos consecutivos de 21 dias. Aspectos celulares e moleculares do sangue periférico dos cães vacinados foram avaliados antes e sete dias após cada dose vacinal, incluindo o perfil fenotípico de leucócitos associados à imunidade inata e adaptativa, a síntese antígeno-específica in vitro de IFN-g e IL-4 intracitoplasmáticos e óxido nítrico por células mononucleares, e o perfil reatividade sérica de IgG anti-Leishmania chagasi. Nossos resultados demonstraram um perfil fenotípico distintas para as células da imunidade inata dependendo do imunobiológico utilizado. Enquanto a LEISHVACIN promoveu um recrutamento precoce de Neutrófilos e Eosinófilos, com envolvimento tardio de Monócitos a LEISHMUNE induziu um recrutamento precoce de Neutrófilos e monócitos, sem envolvimento de Eosinófilos. No âmbito da imunidade adaptativa obserevamos também uma seletiva de populações celulares. A LEISHVACIN promoveu uma resposta de perfil misto, associada à ativação de linfócitos T e linfócitos B, com ativação precoce de linfócitos T CD4+ e tardia de linfócitos T CD8+, avaliadas pela alteração na expressão de MHC II. Por outro lado, a LEISHMUNE promoveu uma resposta de perfil mais seletivo, associada à ativação preferencial de linfócitos T, com ativação tardia de linfócitos T CD4+ e CD8+. Análise de aspectos funcionais de leucócitos circulantes confirmou o perfil misto induzido pela LEISHVACIN, com o aumento paralelo de IFN-g quanto de IL-4. Por outro lado o perfil mais direcionado da LEISHMUNE foi confirmado pela expressão seletiva de IFN-g. Esse perfil mais favorável Ó imunidade celular desencadeado pela LEISHMUNE foi adicionalmente caracterizado pela maior sÝntese in vitro de NO antígeno-específico (mM/monócitos). Embora todos os cães imunizados apresentaram soroconversão pelos métodos convencionais (RIFI), a avaliação da reatividade de IgG por citometria de fluxo (PPFP), segundo proposto por Carvalho-Neta et al. (2006), demonstrou um perfil distinto de reatividade imuológica pós-vacinal, com sorocorvesão de 66,6% para a LEISHVACIN e 33,3% para a LEISHMUNE. Em análise subseqüente, observamos uma correlação positiva entre os valores de PPFP e o %CD8+IL-4+ para a LEISHVACIN enquanto uma correlação negativa entre PPFP e CD4+IL-4+ foi observada para a LEISHMUNE. Atribuímos o perfil distinto de ativação do sistema imune relacionado aos imunobiológicos LEISHVACIN (misto celular/humoral) versus LEISHMUNE (seletivo celular), possa ser uma conseqüência direta da natureza antigênica (complexa versus purificada) bem como do adjuvante empregado na composição vacinal.

ASSUNTO(S)

sangue aspectos imunológicos teses parasitologia teses leishmaniose teses

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