Alterações celulares e variações comportamentais de caramujos do gênero Biomphalaria hospedeiros intermediários do Schistosoma mansoni / Cellular alterations and behaviour variations of snails of the Biomphalaria intermediate hosts of the Schistosoma mansoni

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A esquistossomose é uma doença que no Brasil ainda é um sério problema de saúde pública. Alterações ambientais, comportamentais e imunológicas ocorridas nos seus hospedeiros intermediários podem predizer o sucesso ou não de uma infecção. As alterações ocorridas durante o desenvolvimento de uma infecção envolvem fatores internos e externos ao molusco. Dentre os internos as alterações celulares (hemócitos) e humorais (soro) têm sido bastante estudadas. Em relação aos externos a temperatura foi um dos fatores por nós escolhido para se avaliar a sua importância na relação molusco-parasito, principalmente porque a quase totalidade dos trabalhos abordando este assunto data da década de 50. Este trabalho teve como objetivo estudar a resistência ou susceptibilidade de moluscos do gênero Biomphalaria frente à infecção pelo S. mansoni diante de fatores endógenos e exógenos. Hemócitos de B. glabrata foram obtidos conforme técnica preconizada e avaliados quanto a sua capacidade fagocitária, utilizando a técnica de redução do MTT, um sal de formazan, sendo seus valores quantificados por absorbância a 570 nm. Caramujos B. glabrata foram também infectados nas temperaturas de 15oC, 20oC e 30oC e analisados quanto à eliminação de cercarias aos 30 e 60 dias pós-infecção (DPI). Em outro experimento, um grupo de B. tenagophila (CF)- susceptível, recebeu soro de B. tenagophila (Taim) - resistente, sendo posteriormente infectados pelo S. mansoni e observados quanto à alteração do nível de resistência. Nossos resultados mostram que o comportamento dos hemócitos quanto a sua atividade fagocitária apresentou diferença significativa entre os grupos B. glabrata não infectado no seu estado basal comparado com o grupo não infectado e resfriado, como também os mesmos grupos quando ativados pelo zymozan. Um outro dado obtido mostra que a diminuição da temperatura influencia no desenvolvimento da infecção com diferenças significativas (p<0,05) entre 15oC e 30oC. Observamos também que a transferência de soro conferiu um aumento no número de caramujos resistentes originalmente susceptíveis em torno de 50% em comparação ao grupo não imunizado (p<0.05). A extrapolação destes dados pode levar a um melhor entendimento da esquistossomose sobre o ponto de vista epidemiológico. Os resultados obtidos nos permitem concluir que a atividade fagocitária dos hemócitos de B. glabrata é influenciada pela temperatura, e que esta influi diretamente na capacidade de infecção de B. glabrata pelo S. mansoni. Observamos também que a transferência de soro de B. tenagophila resistente para B. tenagophila susceptível, aumentou a resistência desta última ao Schistosoma mansoni.

ASSUNTO(S)

temperature anatomia patologica e patologia clinica hemocitos temperatura biomphalaria mtt biomphalaria glabrata schistosoma mansoni biomphalaria glabrata mtt schistosoma mansoni esquistossomose mansoni hemócitos relações hospedeiro-parasita

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