Agressividade na primeira infância:: um estudo a partir das relações estabelecidas pelas crianças no ambiente familiar e na creche

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a agressividade na primeira infância, a partir das relações estabelecidas pelas crianças no ambiente familiar e na instituição de Educação Infantil. As principais referências teóricas foram os trabalhos de Winnicott, Vygotsky, Wallon, Erikson e dos estudiosos da Educação Infantil e da Sociologia da Infância. A pesquisa de campo realizada numa creche teve como objetivos específicos: a) analisar os modos de ação de uma criança considerada agressiva e de uma criança considerada tranqüila durante suas atividades na Creche, em interação com a pesquisadora e em interação com suas mães; b) Conhecer a história de vida dessas crianças e como se relacionavam com as educadoras e com seus familiares; c) Comparar as informações da criança considerada agressiva com as informações da criança considerada tranqüila para buscar compreender as diferenças de manifestação da agressividade tendo como referências às relações estabelecidas por essas crianças no ambiente familiar e na Creche. Para tanto realizamos uma pesquisa empírica organizada em três fases: 1ª Observação participante das rotinas da Creche, seleção das crianças e entrevistas com a Coordenadora da Creche e quatro professoras sobre as concepções de agressividade bem como sobre as formas de condução desses comportamentos; 2ª Videogravação das crianças selecionadas na primeira fase, uma criança considerada agressiva e uma criança considerada tranqüila, durante a realização de diversas atividades na Creche e em interação com a pesquisadora e com suas mães; 3ª Entrevistas com as professoras e auxiliares que trabalharam com essas crianças e com alguns de seus familiares. As informações construídas durante a pesquisa indicam uma correlação entre a dinâmica familiar e o modo como essas crianças manifestavam sua agressividade. A criança considerada agressiva na Creche não encontrava no ambiente familiar a segurança necessária para vivenciar sua capacidade destrutiva nesse ambiente, por essa razão entendemos que a agressividade manifestada na Creche era uma tentativa de buscar nesse outro ambiente a segurança que lhe faltou na família. A criança considerada agressiva parecia não encontrar no ambiente familiar segurança necessária para vivenciar sua capacidade destrutiva, logo a agressividade manifestada na Creche pode ser interpretada como uma tentativa de buscar nesse outro ambiente a segurança que lhe faltou na família. A criança considerada tranqüila conseguia demonstrar sua agressividade no ambiente familiar, obtendo nesse ambiente a tranqüilidade interna necessária para se comportar do modo esperado pelas educadoras na Creche. Considerando a tarefa das instituições de educação infantil de promover o desenvolvimento integral das crianças em complementação a ação das famílias, observamos que tanto em relação à criança considerada agressiva quanto em relação à criança considerada tranqüila a Creche não possuía estratégias de intervenção educativa particulares que possibilitassem a essas crianças experiências promotoras das capacidades e habilidades pouco desenvolvidas no ambiente familiar. Essas considerações indicam a necessidade de novos estudos sobre a agressividade que possibilitem compreender melhor a influência das relações entre a criança e seus cuidadores na manifestação dos impulsos agressivos pelas crianças, assim como outros estudos sobre o modo de funcionamento das instituições de educação infantil que auxiliem a concretização de projetos pedagógicos que lhes possibilitem promover o desenvolvimento integral das crianças, respeitando a singularidade de cada uma delas.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento infantil creches educação de crianças família e escola

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