Adolescência e sexualidade: vulnerabilidade às DSTS, HIV/AIDS e a gravidez em adolescentes paraibanos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Partindo do pressuposto de que as concepções conferidas à sexualidade têm papel decisivo no comportamento dos adolescentes, fez-se uso da perspectiva foucaultiana com o objetivo de identificar as características e analisar as possíveis associações entre a gravidez na adolescência e as DSTs/AIDS às situações de vulnerabilidade de adolescentes residentes no Estado da Paraíba. A amostra foi composta por 8.741 adolescentes, sendo 62 % do sexo feminino, na faixa etária de 12 a 20 anos (média de 16 anos), matriculados em escolas públicas de 34 cidades classificados pelo porte demográfico de acordo com os indicadores sociais municipais. Como instrumento foi utilizado um questionário estruturado auto-aplicável e a técnica de grupo de discussão focal. Para análise dos dados quantitativos, utilizou-se de estatística descritiva, com a utilização de medidas de posição e de variabilidade, além da realização de testes bivariados. A análise dos conteúdos dos grupos foi realizada com base em Categorias determinadas a partir dos temas suscitados. A partir dos resultados, emergiram três categorias temáticas. A primeira denominada Prática Sexual (sub-categorias: Iniciação Sexual e Fatores Determinantes); a segunda denominada Prevenção (sub-categorias: Uso de Preservativo e Métodos Anticoncepcionais); e a terceira categoria, Vulnerabilidade à AIDS (sub-categorias: Percepção de Vulnerabilidade e Informações). No que se refere à Prática Sexual, 2.732 participantes declaram ter vida sexual ativa (31%), com iniciação aos 15,6 anos para o sexo feminino e aos 14,6 anos para o masculino, com diferença estatisticamente significante em relação ao sexo (64% masculino - p<0,001) e porte das cidades (menor índice em cidades de médio porte). A diferenciação de gênero também se manteve em relação ao primeiro parceiro sexual, principalmente em relação à idade (média de 21 anos para o feminino e 16 anos para o masculino - p<0,05), justificado pela maior experiência, responsabilidade, principalmente no caso de uma gravidez indesejada. Como fatores que predispõem à iniciação sexual precoce, foram citados: a influência dos pares, da mídia, as crenças e normas culturais e, o uso de álcool. Na segunda categoria, Prevenção, o uso assistemático do preservativo foi relacionado à inexperiência, a existência de crenças negativas, a imprevisibilidade do ato, a dificuldade de obtenção ou acesso, falta de informações e tipo de vínculo afetivo. Apenas 59% dos adolescentes afirmaram possuir algum conhecimento dos métodos contraceptivos, destacando-se o preservativo masculino (43%) e a pílula (33%), e o maior conhecimento pelas adolescentes (80%). Foi relatada a ocorrência de 195 casos de gravidez e 75 casos de aborto. Os motivos que levam a gravidez na adolescência é o descuido, dificuldade no acesso ao anticoncepcional e a garantia da manutenção do relacionamento. Na categoria Vulnerabilidade à AIDS, 83% dos adolescentes que já tiveram relação sexual não se percebem vulneráveis e 15% do total relataram não receber informações sobre o HIV/AIDS. Como fontes de informação foram citadas a escola (59%), família (22%), mídia (18%) e profissionais de saúde (16%), este último com maior percentual para o feminino e na zona rural. Conclui-se que os discursos sociais normalizantes, principalmente vinculados aos papeis de gênero, demarcam crenças e comportamentos nesta fase da vida, provocando maior dificuldade feminina na prevenção. Observou-se também que as informações repassadas a essa população ainda se apresentam de forma biológica e moralista, colocando em pauta a necessidade de intervenções que abordem as crenças e normas assumidas por essa população.

ASSUNTO(S)

vulnerabilidade adolescência gravidez aids psicologia social pregnancy aids adolescence vulnerability

Documentos Relacionados