Adequação do uso de antibioticos e os fatores de risco para infecção hospitalar no Hospital das Clinicas da Unicamp

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Este estudo consta de duas partes, sendo que a primeira refere-se a um estudo prospectivo com o objetivo de descrever o padrão e a adequação do uso de antibióticos e a segunda, a um estudo caso-controle (razão: 1:4), com o objetivo de analisar os fatores de risco para infecção hospitalar. Ambas foram desenvolvidas nas enfermarias do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) durante o ano de 2000. Durante o período de um mês, todos os pacientes das enfermarias incluídas no estudo foram acompanhados,desde sua internação até a saída. Foram coletados dados de: características demográficas, diagnósticos de internação, intervenções cirúrgicas, exames laboratoriais, exposição a antibióticos, incluindo indicação, dose, esquema, duração e exposições a fatores de risco para infecção hospitalar. Umtotal de 938 pacientes foi avaliado (385 de enfermarias clínicas e 553 de enfermarias cirúrgicas). Destes, 570 (60,8%) utilizaram 989 antibióticos, sendo encontrados 38 diferentes agentes antimicrobianos nas prescrições. A média de uso de antibióticos foi de 1,74, sendo que 7,5% utilizaram quatro ou mais (0-10). Profilaxia cirúrgica e doenças do aparelho respiratório foram as principais indicações para o uso de antibióticos, sendo a cefazolina (40,4%) o fármaco mais utilizado pelos pacientes do estudo. Nas enfermarias clínicas o uso de antibióticos foi considerado adequado em 67,2% dos casos e nas enfermarias cirúrgicas, somente em 38,8%. A principal inadequação encontrada nas enfermarias cirúrgicas foi a falta de indicação (24,8%) e a duração excessiva da antibiótico-profilaxia (31,6%). Durante o período do estudo foram registrados 48 pacientes com infecção hospitalar (casos incidentes). Cinqüenta e seis infecções hospitalares foram registradas nestes 48 pacientes, sendo os sítios mais freqüentes: infecção da corrente sanguínea (26,8%), do trato urinário (21,4%), do sítio cirúrgico (19,6%) e do trato respiratório (19,6%). Microorganismos foram isolados em 71,4% das infecções, sendo Staphylococcus aureus (31,1%) e Pseudomonas aeruginosa (15,6%) os mais freqüentes. Cateterização urinária (OR:5,95; IC95%: 2,27-15,60), transfusão sanguínea (OR:4,15; IC95%:1,20-14,31), cirurgia de urgência (OR:3,70; IC95%: 1,40-9,77), cateterização vascular periférica (OR: 3,11; IC95%: 1,30-7,47)e central (OR:2,86; IC95%: 1,19-6,87) foram os fatores de risco independentes para infecção hospitalar. Pesquisas identificando o perfil do uso de antimicrobianos, bem como os fatores de risco para infecção hospitalar são importantes na medida em que oferecem subsídios para programas de intervenção e educação continuada para profissionais de saúde, visando melhorar o prognóstico do paciente, bem como a qualidade da assistência prestada a esta população

ASSUNTO(S)

antibioticos infecção hospitalar epidemiologia

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