Acidentes por serpentes do gênero Bothrops em crianças em Campinas, São Paulo, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2001-12

RESUMO

De janeiro de 1984 a março de 1999, 73 crianças com menos de 15 anos de idade (1 a 14 anos, mediana = 9 anos) foram admitidas após terem sido picadas por serpentes do gênero Bothrops. 26,0% das crianças foram classificadas como acidente leve, 50,7% como moderado e 20,6% como grave. Dois pacientes (2,7%) não apresentaram sinais de envenenamento. A maioria dos pacientes apresentou manifestações locais, principalmente edema (94,5%), dor (94,5%), equimoses (73,9%) e bolhas (11,0%). Sangramento local e/ou sistêmico foi constatado em 28,8% das crianças. Alterações da coagulação, antes da administração da soroterapia antiveneno (SAV), foram observadas em 60,7% (sangue incoagulável em 39,3%) das 56 crianças que receberam a SAV exclusivamente em nosso hospital. Reações precoces à SAV foram observadas em 44,6% destes 56 casos, sendo 15 em 30 pacientes não pré-tratados e 10 dentre 26 pré-tratados com antagonistas H1 e H2 da histamina e hidrocortisona, a maioria das quais foi considerada leve. As principais complicações observadas foram a infecção local (15,1%), a síndrome de compartimento (4,1%), gangrena (1,4%) e insuficiência renal aguda (1,4%). Nenhum óbito foi registrado. Não foram constatadas diferenças estatísticas significativas comparando-se a freqüência de distúrbios da coagulação de acordo com a gravidade (p = 0,75), bem como na freqüência de reações precoces à SAV entre os grupos que receberam ou não o pré-tratamento (p = 0,55). A freqüência de infecção local foi significativamente maior nos casos graves (p < 0,001). Pacientes atendidos mais de 6 horas após o acidente apresentaram um maior risco quanto à evolução para casos graves (p = 0,04).

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