Acidente com material biológico em uma instituição de ensino odontológico: perfil, notificação e sub-notificação / Accidents with biological material in a Dental School: profile, reporting and underreporting

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Estudo transversal sobre acidentes com material biológico desenvolvido na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG), Goiânia. O estudo teve como objetivos: 1) identificar a ocorrência dos acidentes envolvendo material biológico entre acadêmicos e profissionais; 2) avaliar a ocorrência de subnotificações e suas causas; 3) caracterizar o perfil dos acidentes; 4) identificar medidas protetoras adotadas pelos profissionais e acadêmicos acidentados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, com protocolo 058/2006, e foram observados todos os aspectos éticos cabíveis. Os dados foram obtidos pela avaliação de 71 fichas de registro dos acidentes com material biológico ocorridos no período de outubro de 2001 a julho de 2008, e pela aplicação de um questionário a todos os alunos matriculados nesse período, aos técnicos e docentes, totalizando 566 sujeitos elegíveis. Para isso foi desenvolvido um software: Sistema de Gerenciamento e Avaliação à Distância (SGAD), que permitiu o envio do questionário por meio eletrônico. Os dados foram tabulados e analisados pelo SPSS 16.0, sendo realizada análise estatística descritiva pelas medidas de frequência e análise inferencial por meio de testes de qui-quadrado e regressão logística múltipla. Das 71 notificações, somente 41 (57,7%) fichas possuíam dados completos. Dos sujeitos elegíveis para a aplicação do questionário (SGAD), 266 (47,0%) participaram, sendo 100,0% dos técnicos, 85,4% dos docentes, 69,4% dos acadêmicos e 21,0% dos alunos egressos. O esquema completo de vacinação contra hepatite B foi referido por 81,9%, e cinco (1,9%) relataram não terem sido vacinados. O resultado do antiHBs era conhecido por 151 (69,3%) que afirmaram ser respondedores. Noventa e um (34,2%) alegaram ter sofrido acidentes com material biológico, sendo que não houve diferença nessa ocorrência entre acadêmicos, técnicos e docentes (p=0,496). Somente 24 (26,4%) notificaram as exposições formalmente ao serviço responsável; a taxa de subnotificação foi 73,6%. Os motivos mencionados para a não notificação foram: não consideraram grave o suficiente para notificarem (52,2%), consideraram o risco baixo (32,4%), não sabiam que deveriam notificar (22,0%). Os acidentes entre acadêmicos ocorreram com maior frequência nos 3 e 4anos e, a maioria, 71,4%, aconteceu durante a realização do procedimento. As exposições foram percutâneas em 76,9%, respingos em pele íntegra em 25,3%, e respingos em mucosas em 24,2%. As áreas corporais mais atingidas foram os dedos da mão não dominante em 42,8%, e mão dominante 36,3%. Os materiais biológicos envolvidos nos acidentes foram a saliva (68,1%) e o sangue (48,3%). Setenta e cinco sujeitos (82,4%) referiram utilizar todos os equipamentos de proteção individual, e os negligenciados foram: luvas (13,2%), máscara (11,0%), e óculos protetores (7,7%). O acidente percutâneo (p=0,016) com envolvimento de sangue (p=0,013) apresentou-se significante para a notificação. A ausência de dados em registros das notificações, as altas taxas de acidentes com material biológico, assim como a sub-notificação sinalizam a necessidade de reestruturar o serviço de notificação, e da importância da divulgação do protocolo oficial da instituição sobre condutas pós-exposição e medidas preventivas a serem adotadas pela comunidade acadêmica

ASSUNTO(S)

occupational exposure, biological accidents and events, dentistry enfermagem exposição ocupacional, acidentes e eventos biológicos , odontologia

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