Acampamento Grajaú : etnografia de uma ocupação política

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Em maio de 2004, teve início uma das maiores ocupações de terras da capital goiana. Consta nos jornais locais dessa época que mais de 2.500 famílias construíram barracos de lona, madeira ou alvenaria em uma área próxima ao centro da cidade, ocupada ilegalmente, no Setor Parque Oeste Industrial. No ano seguinte, aos 16 dias do mês de fevereiro, a PM ao lado da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, cumpriu o mandado do MP de desocupar as terras do Parque Oeste Industrial. A ocupação, batizada de Sonho Real, teve um fim trágico com a morte de duas pessoas, durante o despejo violento. A partir deste fato, o movimento social constituído dentro da Ocupação Sonho Real, ganhou visibilidade no cenário local e nacional. Com a ajuda de movimentos sociais de luta pela terra no campo e na cidade, ONGs e partidos políticos, deflagrou-se uma série de protestos em Goiânia. Neste contexto, diferentes bandeiras foram levantadas como: (i) abertura de uma CPMI da Terra para investigar as mortes dos trabalhadores durante o despejo, (ii) uma política de reparação moral e material aos moradores da antiga Ocupação Sonho Real, (iii) construção de um abrigo para as famílias despejadas que não possuíam parentes e/ou conhecidos na cidade. Poucos dias após o despejo, os governos estadual e municipal providenciaram dois ginásios de esportes, para instalar provisoriamente os remanescentes da ocupação. Em fins de junho de 2005, o STJ, formalizou um TAC, obrigando os governos municipal, estadual e federal, a construírem um conjunto habitacional popular para assentar definitivamente os moradores da ocupação de terras do Parque Oeste Industrial. O Estado teria um prazo de até 02 (dois) anos para entregar mais de 1.200 moradias contemplando, primeiramente, o grupo que cobitava os ginásios de esportes. Devido a precariedade dos locais de moradia daquelas pessoas naquele momento, os ginásios de esportes, um acampamento provisório foi erguido nas cercanias da capital para abrigar estas famílias, enquanto aguardavam a construção do conjunto habitacional que iria assentá-las definitivamente. Minha experiência de pesquisa que resultou na presente dissertação trata da vida no acampamento durante a transferência dos moradores do local para o conjunto de habitações cujo nome é Real Conquista.

ASSUNTO(S)

etnografia antropologia ocupação militância e trabalho antropologia de política

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