"Abuso sexual e sociometria: um estudo dos vÃnculos afetivos em famÃlias incestuosas" / Sexual abuse and Sociometry: A study of affective bonds in incestuous families

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O trabalho teve como objetivo estudar os vÃnculos afetivos em famÃlias onde ocorrem relaÃÃes incestuosas. Foram estudadas famÃlias atendidas pelo Projeto Sentinela, que se destina ao atendimento psicossocial a crianÃas e adolescentes vÃtimas de violÃncia sexual, e que à vinculado ao Centro de ReferÃncia de AtenÃÃo à CrianÃa e ao Adolescente VÃtimas de ViolÃncia, da Secretaria de AÃÃo Social do Governo do Estado do CearÃ. A amostra foi constituÃda de cinco famÃlias, onde houve a prÃtica de abuso sexual contra crianÃas do sexo feminino cometido pelo pai ou padrasto. As vÃtimas se situavam na faixa etÃria entre sete e quinze anos de idade e eram do sexo feminino. O instrumento de pesquisa foi o teste sociomÃtrico, que estuda as estruturas sociais atravÃs das escolhas e rejeiÃÃes que ocorrem dentro dos grupos humanos. Os resultados demonstraram a estrutura sociomÃtrica dos grupos, o status social ocupado pelos participantes, os vÃnculos que se encontram harmoniosos e os que apresentam conflitos. Os dados colhidos indicaram que as vÃtimas apresentam a auto-estima rebaixada e dÃficits de percepÃÃo, que as mÃes gozam de elevado status social dentro dos grupos, que as filhas vitimadas tambÃm mantÃm um bom nÃvel de aceitaÃÃo por todos os membros da famÃlia, mas nÃo conseguem perceber essa posiÃÃo dentro do grupo, e que os agressores figuram como membros rejeitados dentro da organizaÃÃo familiar, podendo constituir-se em focos de tensÃo e ameaÃa para o equilÃbrio grupal, se seus vÃnculos nÃo forem trabalhados. O estudo constata que os vÃnculos afetivos se configuram de maneira diversa para cada grupo, podendo sofrer influÃncias de fatores como o tempo, a cultura e o contexto social no qual se apresentam, o que leva a crer que a prÃtica das relaÃÃes incestuosas pode ser impulsionada por essas peculiaridades do modo de vinculaÃÃo de cada famÃlia, e, portanto, nÃo deve ser compreendida apenas pelo viÃs psicolÃgico. Chega à compreensÃo de que os membros das famÃlias incestuosas estÃo envolvidos em uma trama de relaÃÃes disfuncionais e alerta para a necessidade de desconstruir crenÃas fortemente arraigadas no senso comum, como a culpabilizaÃÃo de mÃes e vÃtimas e a demonizaÃÃo dos agressores. Considera a necessidade de incluir o agressor nas possÃveis intervenÃÃes, uma vez que o mesmo, embora figure como membro rejeitado, mantÃm relaÃÃes carregadas de afeto dentro dos grupos. Considera que o conhecimento aprofundado dos vÃnculos afetivos nas famÃlias incestuosas pode servir de subsÃdio para a criaÃÃo de programas e projetos na Ãrea das polÃticas pÃblicas, uma vez que dispÃe de instrumentos que podem viabilizar um diagnÃstico precoce dos casos, instrumentalizar os profissionais, tanto no aspecto tÃcnico quanto emocional para o lidar com as questÃes relativas à violÃncia sexual, assim como fornecer mÃtodos terapÃuticos para os indivÃduos e grupos atingidos.

ASSUNTO(S)

sociometry incest psicologia social sociometria vÃtimas de incesto - fortaleza(ce) - relaÃÃes com a famÃlia bonds vÃnculos incesto sociometria crianÃas maltratadas sexualmente - fortaleza(ce) adolescentes maltratados sexualmente - fortaleza(ce)

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