Abordando a Relação Clínica e a Comunicação de Notícias Difíceis com o Auxílio das Artes e dos Relatos Vivos

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/10/2019

RESUMO

RESUMO Introdução A Relação Clínica (RC) é um termo mais abrangente do que relação médico-paciente e, atualmente, tem sido utilizado para descrever o contato da equipe de saúde com o paciente e seus familiares, além da interação da equipe entre si. Para estabelecer relações interpessoais satisfatórias, é importante reunir habilidades de comunicação e empatia, que têm um papel-chave na RC. No entanto, tais temas acabam sendo pouco discutidos durante a formação médica, em detrimento de um estudo mais focado em doenças e tratamentos. Rígidos protocolos e diretrizes têm tomado grande espaço dos currículos de graduação médica, deixando menos tempo para a discussão de temas mais abstratos, relacionados às humanidades e à subjetividade dos pacientes, visão que faz parte da realidade das pessoas. Objetivos Propiciar espaços e referenciais teóricos para a discussão de temas menos abordados no currículo médico e incentivar a importância da comunicação e empatia nos processos de saúde/doença. Métodos Diante da importância de proporcionar aos alunos de Medicina vivências humanizadoras, propusemos a realização de oficinas teórico-práticas e conduzimos uma pesquisa qualitativa com o intuito de avaliar a percepção dos estudantes sobre o ensino-aprendizagem de temas do escopo da RC. Ao todo, participaram do projeto 33 alunos a partir do quarto semestre do curso de Medicina, por adesão voluntária, após convite distribuído via correio eletrônico. Foram ofertadas seis oficinas teórico-práticas, executadas em um trabalho com grupos pequenos e abordando temas como: empatia, luto, cuidados paliativos, final de vida e comunicação de notícias difíceis. As técnicas para coleta dos dados foram a realização de dois grupos focais ao final dos seis encontros e a observação participante, cujos apontamentos eram tomados num diário de campo. Resultados A análise de conteúdo (Bardin, 2011) foi o método escolhido para estudo dos resultados, após transcritas e analisadas as falas dos grupos. No final da análise, emergiram quatro categorias principais (e cinco subcategorias), das quais destacamos duas que serão discutidas neste artigo: “A arte, o cinema e a literatura evocam os sentimentos: buscando o humanismo” e “As notícias difíceis na visão dos pacientes – as experiências vivas”. Para isso, foram utilizadas metodologias ativas, como trabalho em pequenos grupos, uso de vídeos e trechos de filmes, músicas, relatos, leitura de textos e rodas de conversas. Conclusão Os depoimentos dos participantes demonstraram satisfação com as temáticas e metodologias propostas. Dessa forma, analisamos o auxílio de tais técnicas para sensibilizar os alunos, levando-os a refletir sobre a importância da empatia e da comunicação no atuar dos médicos e equipe de saúde, desenvolvendo habilidades de relação interpessoal.ABSTRACT Introduction Clinical Relationship (CR) is a more comprehensive term than doctor-patient relationship and is currently used to describe the health team’s contact with the patient and their families, as well as the team’s interaction with each other. To establish satisfactory interpersonal relationships, it is important to bring together communication and empathy skills that play a key role in building the CR. However, such topics are given little attention during medical training, with a more focused study on diseases and treatments. Rigid protocols and guidelines have accounted for a large proportion of undergraduate medical curricula, leaving less time for discussion of more abstract subjects related to the humanities and the subjectivity of patients, a view that is part of people’s reality. Objectives To provide spaces and theoretical references for the discussion of topics less addressed in the medical curriculum and to encourage the importance of communication and empathy in health/disease processes. Methods In view of the importance of providing medical students with humanizing experiences, we have proposed theoretical-practical workshops and conducted a qualitative research in order to evaluate the students’ views on learning about CR themes. In total, 33 second-year medical students participated in the project, by voluntary adhesion in response to an invitation distributed via electronic mail. Six theoretical-practical workshops were offered and executed in small groups and addressing topics such as: empathy, mourning, palliative care, end of life and communication of difficult news. The data collection methods were two focus groups conducted at the end of the six meetings encounters and participant observation, the notes from which were taken in a field diary. Results Content analysis (Bardin, 2011) was the method chosen to study the results, following transcription and analysis of the speech of the groups. At the end of the analysis, four main categories (and five subcategories) emerged, of which two are highlighted in this article: “Art, cinema and literature evoke feelings: seeking humanism” and “Difficult news in the view of patients – the living experiences”. To this end, we used active methodologies such as small group work, use of videos and excerpts from films, music, reports, reading texts and conversation wheels. Conclusion The participants’ statements showed satisfaction with the proposed theme and methodologies. We therefore evaluated the use of such techniques to sensitize students, leading them to reflect on the importance of empathy and communication in the work of physicians and health staff, developing interpersonal skills.

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