A voz de Roberto Carlos: avaliação perceptivo-auditiva, análise acústica e a opinião do público

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: no Brasil, Roberto Carlos tem sido estudado em muitas áreas do saber, dentre elas História e Psicologia Social, dada a sua relevância como intérprete e fenômeno musical e social. O cantor é um dos artistas que mais vende discos, sendo capaz de atingir um público das mais variadas classes sociais, culturais e econômicas. Objetivo: analisar a voz do cantor Roberto Carlos por meio da avaliação perceptivo-auditiva, da análise acústica e da opinião do público. Método: foram realizadas a avaliação perceptivo-auditiva da voz, de duas músicas selecionadas de cada década (60 a 90), por seis juízes avaliadores (fonoaudiólogos e professores de canto); a análise acústica de trechos das músicas DETALHES e EMOÇÕES, pela pesquisadora, e uma enquete com duas perguntas, para uma amostra da população da cidade de São Paulo (grupo1-G1) e outra para os fãs do cantor (grupo2-G2) pertencentes a comunidades on-line do artista no orkut. Resultados: em relação à análise perceptivo-auditiva da voz, os parâmetros mais referidos nas quatro décadas foram: coordenação pneumofonarticulatória adequada, pitch médio para agudo, loudness adequada, articulação precisa, ataque vocal suave, ressonância laringo-faríngica com foco nasal compensatório, registro modal de peito, voz com brilho e com projeção, vibrato predominantemente ausente, tessitura média e qualidade vocal adaptada. A qualidade de gravação foi relatada como razoável e as características relacionadas à gravação mostraram-se variáveis: voz jovial e imatura na década de 60; interpretação fluida, com emissão suavizada na década de 70; variação nos parâmetros vocais na década de 80 e voz comprimida com alterações na dinâmica, porém madura e introspectiva na década de 90. As medidas da análise acústica indicaram harmônicos com maior variação para a música EMOÇÕES. Contorno de pitch e de amplitude coerentes com a melodia, f0 sem variação e vibrato predominantemente ausente foram encontrados nas duas músicas. O F1, F5 diminuídos; F2, F3, F4 aumentados; maior prolongamento e acentuação das vogais foram observados na música DETALHES. F1, F2 diminuídos; F3, F4 com pouca variação e F5 aumentado em EMOÇÕES. A enquete do G1 comprovou estatisticamente que 70,38% dos sujeitos gostam do cantor, desse total, 76,15% pertencem ao sexo feminino e 86,54% estão na faixa etária dos 51 aos 60 anos. Nos níveis de escolaridade e rendimento superiores evidenciou-se que os sujeitos qualificaram a voz do cantor de forma negativa. Dos 70,38% dos sujeitos que gostam do cantor, 18,03 % gostam pelas suas músicas. Em contrapartida dos 29,62% dos sujeitos que não gostam do cantor, 33,77% não gostam por conta das músicas. A enquete do G2 demonstrou que não houve significância estatística para essas variáveis, porém constatou-se de forma significativa que esse grupo apresentou níveis de rendimento e escolaridade superiores ao G1. Conclusão: os resultados permitiram demonstrar que houve pequenas variações na voz do cantor Roberto Carlos no decorrer de sua trajetória artística, mais evidentes da década de 60 para 70, coerentes com os estilos adotados e com a época, mantendo-se similar nos anos 80 e 90. No entanto, para o público (G1 e G2), a voz de Roberto Carlos não é o fator determinante para gostar ou não do cantor, mas sim o seu repertório, ou seja, o conteúdo das canções que é simbolizado pelo ouvinte

ASSUNTO(S)

cantores expressao vocal fonoaudiologia voice voz acoustic analysis avaliação perceptivo-auditiva roberto carlos -- 1941- -- avaliacao vocal

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