A violência nas relações de conjugalidade: invisibilidade e banalização da violência sexual?
AUTOR(ES)
Dantas-Berger, Sônia Maria, Giffin, Karen
FONTE
Cadernos de Saúde Pública
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005-04
RESUMO
A partir de uma abordagem relacional-estrutural de gênero e sexualidade, este artigo apresenta resultados parciais de um estudo qualitativo com mulheres que denunciaram violência conjugal. Focaliza a ocorrência e os sentidos atribuídos ao fenômeno da coerção sexual marital, apontando para a possibilidade da violência sexual conjugal estar relacionada aos efeitos perversos de transformações na divisão sexual do trabalho e do aprofundamento da dupla jornada feminina quando relacionado ao desmonte da figura de homem provedor em situações de pobreza. Neste contexto, a recusa feminina ao sexo - contrapoder que expressa o desejo de ser sujeito sexual e comunica protestos contra as desilusões relacionadas aos parceiros - pode colaborar para a exacerbação dos atos violentos masculinos. Na posição parcial de "sujeitos do não", as mulheres revelam ainda uma situação de opressão quase nunca por elas diretamente nomeada como violência: no nojo e repulsa que manifestam contra o sexo cedido como débito conjugal, se assemelham aos sentimentos de vítimas de estupros por desconhecidos - estes sim, de modo geral, mais reconhecidos socialmente como "violência sexual".
ASSUNTO(S)
maus-tratos conjugais saúde da mulher violência doméstica
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