A vida condominial e as sociabilidades: estudo de caso do PAR Querência, Pelotas, RS. 2008. 103f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Morar em condomínio tornou-se extremamente urbano e contemporâneo. Isto porque o condomínio consegue abarcar, ao mesmo tempo, os pressupostos da racionalidade e do culturalismo. Racionalidade, enquanto possibilidade do uso intensivo de técnicas projetuais, construtivas e de gestão determinadamente dirigidas a um padrão específico de habitat. Culturalismo, no sentido de se reproduzir ante aos olhos dos diferentes segmentos da sociedade como um aparato de serviços básico e ambiência controlados. Desse modo, desvelar como se dá a apropriação dos espaços de uso coletivo por moradores de condomínios habitacionais, além de prestar um esclarecimento sociológico quanto às novas formas sociabilidades, que se formam a partir desse novo modo de morar, atende também o requisito atual da avaliação de políticas públicas habitacionais que, na cidade de Pelotas-RS, ganhou destaque através da adoção em grande escala do Programa de Arrendamento Residencial PAR. O trabalho analisa a relação dos moradores com as características dos espaços abertos e de uso comum, produzidos no interior de um condomínio habitacional e, também, como se processa a relação entre os condôminos, focalizando com destaque o uso e a apropriação desses espaços. O condomínio estudado - Condomínio Residencial Querência - tornou-se objeto de análise, tendo em vista não só sua configuração como habitação de interesse social, mas também por apresentar características diversas das procedentes nos demais condomínios habitacionais congêneres. O conjunto é formado por duas fitas de sobrados geminados, com uma rua de acesso ao estacionamento de veículos e pátio de fundo das unidades habitacionais. Estes formam uma área condominial, separada da via pública principal, através da utilização de cercas de tela, sendo que a rua interna é visível e acessível do exterior por um portão. Como o acesso principal ocorre por rua pública, essa tipologia foi chamada de rua aberta. As cercas de tela também estão presentes entre cada pátio de fundos. As unidades também são acessadas pelas vias públicas para as quais abrem sua porta principal. Evidencia-se como premissa nesse estudo de caso o uso de dados e informações provenientes, tanto do emprego de técnicas de pesquisa adotadas pela Metodologia Pós-Ocupação, que trabalha simultaneamente com a avaliação dos moradores, como também por aquelas pertinentes às Ciências Sociais. Que tipos de sociabilidades prevalecem na realização da vida condominial? Que conflitos surgem da tipologia empregada? Há satisfação numa proposta em que todo mundo sabe de todo mundo? A onvivência sem privacidade já era um modo de vida dos moradores? São algumas das questões que se apresentam, quando se verifica que o modo de organização condominial, voltada à habitação, passa a estar presente também na vida das camadas sociais de menor poder aquisitivo, como uma extensão de outras relações prevalecentes no cotidiano da vida social individual e coletiva. Os resultados demonstram que, na apuração dos diferentes modos como o tema condomínio habitacional é tratado, em trabalhos e pesquisas acadêmicas, ficam evidentes as complexidades desse mundo social que se firma como alternativa de moradia e estilo de vida: a condominização de boa parte da vida social.

ASSUNTO(S)

ciências sociais pós-ocupação. par. condominium. after-occupation. par. sociabilidade social sciences aspectos sociais do planejamento urbano e regional condomínio sociability

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