A semiologia biomedica e seus limites : desvendando caminhos entre o sutil e o evidente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Ao radicalizar seus pressupostos semiológicos fundamentais no sentido da evidência registrada na literatura médica, a Medicina Ocidental Moderna tem construido uma cilada a si própria, que só poderá ser superada por uma profunda reflexão a partir destes fundamentos. Esta é a hipótese deste trabalho. Portanto, o objeto desta pesquisa trata-se da semiologia médica ocidental. O objetivo principal será rastrear este processo de radicalização, que se inicia com maior ênfase a partir da década de setenta e tenta se consolidar nos anos noventa, sob a denominação de Medicina Baseada em Evidência (MBE). Como objetivo secundário, pretendo traçar aqui um caminho que reinterprete as condições de evidência a partir da prática médica, do sutil a ser desvendado na relação médico-paciente por meio da perspicácia. Metodologicamente, trata-se de um trabalho teórico baseado na concepção de dialética de Maurice MERLEAU-PONTY, que identifica como primordial, no processo de construção de conhecimento, a elimitação clara do campo de presença do sujeito que está à procura deste conhecimento, e, a partir de sua experiência perceptiva, fenomenológica, ir construindo suas categorias, suas contradições, suas mediações. Portanto, será a partir de minha experiência como pessoa e como médica que estarei articulando meu processo de reflexão. Não será apenas minha prática como médica que estará articulando as categorias analíticas deste trabalho. Fez-se necessário um mergulho no ideal de prática semiológica prescrito nos livros de Semiologia básica mais utilizados nas escolas médicas, em especial do Brasil, nas últimas três décadas, até se chegar à produção teórica mais recente da MBE, - que não só aponta o ideal semiológico como o de toda prática médica, que deveria ,contrar se na evidência, produzida nos centros de excelência e documentada periodicamente na literatura médica Aí, encontra-se exatamente o que estou denominando de cilada. Ou seja, ao ancorar-se na evidência referida na literatura médica, a prática aprofunda o abismo, que a tecnologia já impunha, entre o médico e o paciente. Tomo como conclusão deste trabalho a necessidade de se encontrarem caminhos para se livrar de tal cilada. Caminhos que recuperem toda a subjetividade da prática médica e ancorem nela mesma o sentido de evidência. Caminhos que desvendem o sutil e o evidente desta prática

ASSUNTO(S)

tecnologia medica semiologia (medicina)

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